CSN (CSNA3) tem compromisso com a desalavancagem, dividendos e crescimento, diz Steinbruch Victor Meira

Benjamin Steinbruch, CEO da CSN (CSNA3), concedeu uma entrevista para o site Brazil Journal. Ele destacou que a holding tem compromisso em três pontos: desalavancagem, pagamento de dividendos e crescimento.

“A gente tem compromisso com o mercado em relação a desalavancagem, pagamento de dividendos e crescimento. É uma coisa meio antagônica, mas a gente equaciona no começo do ano”, declarou.

Steinbruch aponta que a desalavancagem é a maior prioridade da CSN, com o pagamento de dividendos em segundo lugar e o crescimento encerrando a lista.

“Para o crescimento, a partir do momento que você tem os negócios e abre o capital, você cria uma moeda. Então, você não precisa emitir dívida, você pode pagar com ações ou incorporar com elas. O crescimento é mais uma questão de estratégia e oportunidade do que endividamento”, justifica.

Apesar do crescimento ser importante, o CEO da CSN relata que a questão da desalavancagem é “uma premissa maior”, visto que a companhia está trabalhando para estar com menos de 2x do Ebtida. “A gente tem feito isso e vamos continuar fazendo”, ressalta.

Embora Steinbruch diga que o pagamento de dividendos é uma das prioridades da CSN, ele confessa que a empresa sempre priorizou o crescimento e a desalavancagem e, por isso, não foi realizado o pagamento que os acionistas mereciam.

“O dividendo, para mim, é uma coisa importante. A gente tem que dar esse tratamento diferenciado para o nosso acionista”, destaca.

Mesmo assim, Steinbruch salienta que em 2022 a CNS, junto com a Cemig (CMIG4), foram as maiores pagadoras de dividendos de todas as companhias abertas do Brasil. Segundo ele, a intenção é continuar com este movimento.

Estratégia de crescimento da CSN, segundo Steinbruch 

O IPO da CSN Mineração (CMIN3) foi realizado em fevereiro de 2021. Na avaliação de Steinbruch, a subsidiária conseguiu ter um crescimento agressivo com a operação. Inclusive, ele comentou que o movimento pode ser observado com o IPO da CSN Cimentos, que pode ser feito ainda em 2023.

“A gente deve fazer a mesma coisa com cimentos. Se aparecer oportunidades que façam com que a gente faça a antecipação, o IPO da CSN Cimentos pode acontecer em 2023”, explica.

Dito isso, o CEO da CSN reforça que o endividamento em si está cada vez mais longe. Ele indica que a preferência para evitar o aumento das dívidas é fazer uso de IPO, follow on ou o que for preciso para desalavancar.

Perspectiva para 2023

Ainda durante  a entrevista, Steinbruch fez uma breve análise sobre a perspectiva da economia para 2023. Ele disse que está otimista, ainda que reconheça que há dificuldades para os empresários, principalmente por causa dos juros altos. Eles são impeditivos não apenas para o setor da construção, mas para a economia como um todo. “Os juros tem que cair”, recomenda.

O CEO da mineradora também comentou sobre o papel do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com Steinbruch, o governo tem que oferecer tranquilidade para o mercado em relação à questão fiscal. E não apenas isso, os políticos devem ter uma boa interlocução com o mercado interno e externo.

Diante disso, ele avalia que tanto a construção civil quanto a infraestrutura devem ir bem no Brasil, uma vez que eles são uma necessidade para o Brasil.

“A tendência deste governo é tentar o crescimento. A proposta é crescer a economia, gerar emprego, criar mais renda e ter mais consumo. Eu tenho certeza que é o desejo do governo.  A gente tem que apostar nisso. Olho 2023 com bastante otimismo”, esclarece.

Contudo, Steinbruch orienta que é preciso saber conciliar o otimismo com o realismo. “De forma conservadora, a gente é otimista. Mas nós sempre temos no bolso um remédio para que se as coisas não tiverem tão bem em termos de economia”, aconselha.

Como o setor de mineração está fortemente ligado à China, a CSN pode aproveitar a reabertura da economia do país asiático. Segundo Steinbruch, o China pode ter um crescimento bem agressivo em 2023, na casa dos 5,5%, sendo que eles estão reservando um espaço especial para a construção civil.

“O grande problema da China era a pandemia. Eles estavam fechados até recentemente, com 20 dias de quarentena para entrar ou sair de lá. Mas os chineses abriram mão disso, tanto é que em dezembro o número de casos explodiu. O pessoal até ficou preocupado pensando que ia fechar novamente, só que eles optaram em deixar aberto, quem pegou, pegou e quem teve contato com vírus segue a vida. Enfim, abriram. Na minha opinião, eles vão continuar abertos e a China pode surpreender em termos de crescimento”, relata.

Fonte: Eu Quero Investir