ArcelorMittal terá 33% da Modularis com fundo Açolab

O Açolab Ventures, fundo de corporate venture capital da siderúrgica ArcelorMittal, fez um investimento na empresa de construção modular em aço Modularis. Agora, companhia siderúrgica passa a ter 33% de participação na empresa, com três assentos no conselho de administração.

O valor do investimento não foi revelado, mas a ArcelorMittal afirma ser o maior já feito pelo Açolab Ventures desde sua criação, em agosto do ano passado. O veículo já investiu R$ 25 milhões em outros três negócios: Agilean, de gestão de obras, Sirros, de soluções para a indústria 4.0, e uma startup do setor de energia, em transação que ainda não foi divulgada.

A companhia siderúrgica diz ter como meta investir R$ 100 milhões em quatro anos.

O negócio entre as duas empresas começou há um ano e meio, quando elas selaram uma parceria técnica para desenvolver um produto mais leve e resistente para usar nos módulos construtivos, as partes de uma construção que são feitas em fábrica e levadas para serem encaixadas no canteiro. É a chamada construção “off-site”, na qual a maior parte do trabalho se passa em ambiente industrial.

Em sua história, a Modularis esteve focada na construção de instalações para indústria e logística, além de escritórios e lojas de varejo. Há dois anos, porém, decidiu pivotar e abarcar também o setor residencial. É ali que a parceria com a ArcelorMittal cresceu. “Construção modular é um dos mercados que nos interessa bastante”, diz Marcelo Marino, vice-presidente comercial e metálicos da ArcelorMittal Aços Longos.

Durante a parceria técnica entre as companhias foi criado na fábrica da Modularis, em Itupeva (SP), um protótipo com dois pavimentos que reúne um apartamento compacto e dois quartos de hotel do tipo econômico, para testar as soluções desenvolvidas.

Há vantagens para as duas empresas. Como explica Paulo Salvador, presidente da Modularis, a construção off-site residencial usa, em média, 50 quilos de aço por metro quadrado, enquanto a industrial consome apenas 60 quilos. “O residencial tem uma composição mais complexa, e seu ticket médio é proporcional ao consumo de aço”, diz.

Com o investimento, a Modularis quer construir uma segunda fábrica, especializada no segmento residencial e com capacidade de produção três vezes maior do que a planta atual. Sua localização ainda será definida.

A empresa não revela o valor do seu faturamento neste ano, mas afirma que conseguiu dobrá-lo de 2021 para 2022 e, com o investimento da ArcelorMittal, a meta é seguir nesse ritmo até alcançar R$ 300 milhões em 2025.

Para Salvador, não falta demanda para esse tipo de construção industrializada no setor residencial. O tipo de construção da Modularis é entregue na metade do tempo das obras tradicionais, o que é especialmente atraente para quem investe em imóveis para renda.

“Fundos que constroem residenciais compactos para renda, hotéis, hospitais e sênior e student living (moradias específicas para idosos e estudantes) veem grande valor na construção modular”, afirma. Segundo ele, o potencial desse mercado no país é de R$ 10 bilhões.

A Modularis planeja lançar em 2023, com a incorporadora Rev3, um prédio residencial em Moema, com 13 andares e unidades de 18 a 40 metros quadrados. O desenvolvimento do projeto é feito em conjunto com a nova sócia, que fabrica vários tipos de aços longos.

Segundo Salvador, o projeto está em fase de captação de investimento e já possui as licenças necessárias. O valor geral de venda (VGV) será de R$ 50 milhões.

A companhia tem ainda um estudo de viabilidade para um hotel econômico em Campinas (SP), com o grupo B&B Hotels. Previsto para ter as obras iniciadas entre o final de 2021 e o começo de 2022, o hotel, com 260 apartamentos, está em “stand-by”, afirma Salvador. “Estamos com o projeto no pipeline para voltar a conversar”.

O movimento da ArcelorMittal segue o de outras empresas, como a Gerdau e Dexco, que entraram no capital da Brasil ao Cubo.

Fonte: Valor Econômico