Pioneira, Aço Verde Brasil alcançou a descarbonização em 2020

Na busca pela neutralização de emissões de CO2, a Aço Verde Brasil (AVB) largou na frente e hoje é considerada pioneira entre as siderúrgicas do mundo que buscam a descarbonização completa de suas operações. Enquanto a maioria das siderúrgicas busca neutralizar suas emissões até 2050, a AVB alcançou isso em 2020 e, no ano seguinte, o valor do seu inventário de emissões foi de 0,02 tonelada de CO2 e (carbono equivalente) por tonelada de aço graças ao emprego de biocarbono, à utilização de gases de processo em substituição a combustíveis fósseis, ao uso de 100% de energia elétrica renovável e à reciclagem de co-produtos.

“A companhia está na vanguarda, utilizando a rota integrada de produção de aço carbono neutro baseado no emprego de biocarbono nos altos-fornos, tecnologia de descarbonização mais madura e testada industrialmente no mundo”, diz Sandro Marques Raposo, diretor de sustentabilidade e novos negócios da ABV.

O biocarbono, oriundo do processo de carbonização controlado da madeira de eucalipto, substitui o coque (carvão mineral utilizado na produção do aço pela maioria das siderúrgicas no mundo). “Além disso, estamos muito bem posicionados frente a todo processo de transição energética que está por vir”, explica Raposo.

A Tupy, que desenvolve e produz componentes estruturais em ferro fundido, informa que só no ano passado investiu mais de R$ 90 milhões em programas de sustentabilidade. A companhia vem desenvolvendo o coque reciclado, que tem menor intensidade de carbono que o coque mineral. “A primeira rota para o processo de descarbonização completa da Tupy envolve a utilização de biomassa, em substituição parcial do coque no forno de fundição. Na sequência será a combinação de biometano e hidrogênio”, diz Fernando de Rizzo, CEO da companhia. Os avanços na direção da descarbonização, segundo Rizzo, permitiram à Tupy uma redução de 9% nas emissões absolutas do escopo 1 (emissões diretas associadas ao processo produtivo) em relação a 2019.

Ele informa ainda que, em parceria com o Serviço Nacional da Indústria (Senai), Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Tupy está também investido no desenvolvimento de briquetes – bloco denso e compacto de materiais energéticos – de biomassa como forma de substituição parcial ao coque industrial. A conclusão dos estudos está prevista para 2024.

Rizzo explica ainda que a Tupy vem estudando ainda outras possibilidades, desde uso de biometano e hidrogênio até novos conceitos de fornos elétricos e tecnologias de captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS, na sigla em inglês). “Pelos estudos que estamos realizando, os briquetes de biomassa têm potencial de reduzir a utilização de coque entre 15% e 30%”, explica o CEO da Tupy.

A Gerdau, além das reduções de emissões anunciadas para 2031, busca conseguir a neutralidade de carbono em 2050. Segundo Cenira Nunes, gerente geral de meio ambiente, a companhia possui hoje uma das menores médias globais do setor em emissão de gás carbônico, e a meta é reduzi-las dos atuais 0,90 t de CO2 e por tonelada de aço para 0,83 t de CO2 e até 2031. Ela acrescenta que cerca de 75% da produção de aço da Gerdau está baseada no uso de fontes recicladas e renováveis. “São 11 milhões de toneladas de sucata transformadas em aço anualmente. Somos a maior recicladora na América Latina. Para cada tonelada de sucata reciclada, é evitada a emissão de 1,5 toneladas de CO2 ”, diz.

Os investimentos em melhorias de práticas ambientais este ano superam R$ 800 milhões, cifra 33% maior que o desembolsado no ano passado.

Embora não produza aço, a Vale desenvolveu ao longo dos últimos 20 anos soluções para o minério de ferro que permitem a descarbonização da produção de aço de seus clientes. Uma delas é o briquete verde que, segundo a empresa, tem potencial para reduzir em 10% as emissões de carbono na rota de alto-forno, substituindo o processo de sinterização, e ainda poderá aproveitar a disponibilidade de hidrogênio verde no futuro. “Estamos construindo duas plantas desse briquete em Vitória, com capacidade de seis milhões de toneladas/ano”, informa Rogério Nogueira, diretor de marketing de ferrosos da Vale. As unidades serão inauguradas em 2023.

A Vale conseguiu ainda desenvolver uma tecnologia (Tecnored) que utiliza biocarbono como um substituto ao carvão na produção de ferro-gusa de baixo custo. O forno Tecnored tem dimensões menores que as de um alto-forno siderúrgico tradicional e é flexível no uso de matérias-primas, que podem ser desde finos de minério de ferro e resíduos siderúrgicos até a lama de barragens. “A primeira planta com essa tecnologia está sendo construída em Marabá”, diz Nogueira. Para ele, o custo barato de energia deverá definir a configuração e a localização da indústria do aço no futuro.

Fonte: Valor Econômico