China sinaliza saída promissora para a Covid

No dia 29, o serviço de saúde da China sinalizou que pode adotar uma campanha de vacinação e, com isso, flexibilizar a política de Covid zero. Essa política de fortes restrições impõe um peso enorme à atividade econômica e agora tem impulsionado os protestos que assumiram escala inédita. Essa perspectiva animou os mercados, fazendo Hong Kong subir 5,2%; Xangai, 2,31%; e Shenzhen, 3%. O minério de ferro, embalado pelas boas notícias, subiu para US$ 101 (3%), rompendo uma barreira importante.

Na Europa, as Bolsas sobem modestamente, após dados de confiança saírem melhores que o esperado na Zona do Euro. Frankfurt sobe 0,2%; Paris, 0,3%; e Londres, 0,1%. O euro tem um pregão de alta, saindo a US$ 1,0368 (0,3%), e os juros soberanos caem em Londres para 3,08% (-4 pontos); em Frankfurt, para 1,88% (-11 pontos); e em Paris, para 2,35% (-11 pontos). Ontem a presidente do BCE enfatizou que a instituição seguirá subindo os juros até que a inflação desacelere e indique retorno à meta de 2%.

Nos EUA, após falas mais duras de James Bullard e John C. Williams ontem, o mercado ensaia melhora hoje. Bullard voltou a sinalizar que a faixa de juros que ele considera para colocar a inflação na meta é entre 5% e 7%. Os futuros do S&P 500 sobem 0,3% e do Nasdaq, 0,5%. Os juros de dez anos saem a 3,66% (-2 pontos base) e o índice VIX, a 22,1% (-10 pontos base). Hoje saem os índices de confiança do Conference Board, importantes para mostrar como está a reação dos agentes ao quadro de aperto monetário.

No Brasil, o IGP-M de novembro foi divulgado em -0,56%, abaixo do esperado pelo mercado (-0,35%). Nosso economista-chefe Nicolas Borsoi comentou: “chama a atenção que nas últimas semanas tem ocorrido um distanciamento entre IPA e IPC. Vai ficar difícil ler o comportamento da inflação nos próximos meses porque, por um lado, temos queda nas commodities lá fora; e, por outro, temos a parte doméstica pressionada por causa dos estímulos e mercado de trabalho apertado”.

Os juros futuros estão operando em queda, seguindo a queda da percepção de riscos global e a melhora local, dada pela queda do dólar e da crença de que a PEC da Transição será menor do que a desejada pelo governo eleito. Hoje ainda saem as estatísticas fiscais de outubro, com arrecadação e déficit primário.

Anteontem (28) o senador José Serra encaminhou sua PEC, com mudança da âncora fiscal, retirando o teto e colocando uma meta de endividamento. Além disso, o valor que ele sugere para os programas de transferência de renda chega até R$ 100 bilhões. O senador conseguiu 27 assinaturas para a sua PEC e determina o prazo de seis meses para que o governo envie ao Congresso sua proposta de teto para a dívida. Além desse limite, Serra propõe um novo regime fiscal, com revisão periódica dos gastos, com a desconstitucionalização da regra de ouro, da sua inoperância prática.

Da parte do governo eleito, ontem foi protocolada uma PEC sugerindo um gasto extra de R$ 198 bilhões por quatro anos. Tudo indica que é a continuação da estratégia adotada até agora, na qual se pede muito mais do que se deseja, para obter um pouco mais do que seria dado. Tanto o comportamento dos juros, da Bolsa e do dólar sugerem que o mercado não trabalha com esse valor, considerando mais provável o que sugere o relator do Orçamento, senador Marcelo Castro, que a PEC sofrerá muitas modificações até sua aprovação.

Fonte: Monitor Mercantil