Inflação na indústria tem a terceira variação negativa consecutiva

Os preços da indústria caíram 0,85% em outubro frente a setembro, a terceira variação negativa do Índice de Preços ao Produtor (IPP). Apesar dos resultados negativos observados entre agosto e outubro, o IPP ainda acumula alta de 5,04% no ano, distante do acumulado em igual período do ano passado, quando atingiu 26,69% nos dez primeiros meses do ano. O indicador acumulado nos últimos 12 meses também vem apresentando uma desaceleração e chegou a 6,50%, menor resultado neste tipo de comparação desde junho de 2020, quando havia sido de 6,38%. As informações foram divulgadas hoje, 29, pelo IBGE.

“Em outubro, dos 24 setores analisados, 12 apresentaram queda e 12 tiveram alta. Mas como ocorreu nos meses anteriores, os setores que mais influenciaram o resultado mensal apresentaram variações negativas, o que ajuda a explicar o porquê da nova queda no IPP”, observa Murilo Lemos Alvim, analista do IPP.

O setor de maior destaque é a indústria química, com a maior variação, -4,58%, e a maior influência (-0,44 p.p.). Alvim explica que o resultado se explica pela maior queda no preço dos fertilizantes e dos produtos orgânicos.

“Os fertilizantes estão com uma oferta em crescimento que não tem sido acompanhada pela demanda, gerando a queda nos preços. Esse aumento da oferta ocorre após um período de escassez no mercado externo por conta da guerra entre a Rússia e Ucrânia. Apesar da escassez recente, o Brasil fez um esforço e conseguiu um volume alto de importação e agora está com um estoque confortável”, analisa Alvim.

O analista explica que já os produtos químicos orgânicos, como benzeno e propeno não saturado, são produtos da petroquímica que estão sendo beneficiados pela queda de preços na cadeia do petróleo, como o óleo bruto de petróleo e a nafta. “Os produtos que usam o petróleo e a nafta como insumo estão tendo custos mais baixos e consequentemente os preços também”, diz o analista da pesquisa.

Queda de preços de commodities impacta indústrias extrativas

Na sequência, outros dois setores tiveram impacto semelhante: Refino de petróleo e biocombustíveis e Indústrias extrativas, ambos contribuindo com 0,17 pontos percentuais no resultado. Em indústrias extrativas, o movimento do setor é relacionado aos preços internacionais nas três principais commodities do setor: minério de ferro, gás natural e óleo bruto de petróleo. “Minérios de ferro e gás natural tiveram queda e o que segurou um pouco a redução foi a elevação do preço do óleo bruto de petróleo”, destaca Alvim.

pontos percentuais no resultado. Em indústrias extrativas, o movimento do setor é relacionado aos preços internacionais nas três principais commodities do setor: minério de ferro, gás natural e óleo bruto de petróleo. “Minérios de ferro e gás natural tiveram queda e o que segurou um pouco a redução foi a elevação do preço do óleo bruto de petróleo”, destaca Alvim.

Já o setor de refino de petróleo e biocombustíveis também vem apresentando queda por conta da redução dos preços dos derivados de petróleo. “O setor ainda está surfando na queda do óleo bruto que ocorreu entre julho e setembro. Mas produtos como gasolina e óleo diesel já começaram a ter os preços reajustados nas refinarias, mas não a ponto de ultrapassar a média de setembro. Em outubro os preços do diesel, GLP e gasolina ainda continuam menores que no mês anterior”, completa Alvim.

Fonte: Mirian Gasparin