Mineradoras avaliam dessalinização para abastecimento de água no Chile

O Chile assinou 32 decretos de escassez de água correspondentes a sete regiões, até agora, este ano, como resultado da persistente seca que assola o país.

Os decretos conferem às autoridades vários instrumentos para atenuar os efeitos da crise e conferem à autoridade local de águas, DGA, poderes especiais para definir limites à captação de água pelos concessionários.

Dadas as crescentes limitações na disponibilidade de recursos hídricos, a indústria de mineração está tentando recorrer à água dessalinizada, já que a maior parte da produção de cobre do Chile se dá em áreas áridas nas regiões de Antofagasta, O’Higgins, Atacama, Valparaíso e Tarapaca.

Embora a indústria de mineração consuma apenas 3% da água continental do país e recircule 76% da água em seus processos, até 2031 estima-se que cerca de 50% desse consumo corresponderá à água dessalinizada, segundo o documento digital “Chile, Líder em Mineração Verde”, publicado pela Comissão de Desafios Futuros, Ciência, Tecnologia e Inovação do Senado.

A água é um problema crescente para as mineradoras chilenas, já que a tendência contínua de queda nos teores as obriga a processar um volume maior de minério para atingir a mesma produção. Isso implica um maior uso dos recursos hídricos, afirma a Comissão Chilena do Cobre (Cochilco) em relatório sobre projeções de consumo de água na mineração de cobre até 2032.

Várias mineradoras já têm projetos de dessalinização em andamento, entre elas a Antofagasta Minerals, com INCO Infraestrutura Complementar para sua mina de Pelambres; Mantos Copper para sua mina Mantoverde; Teck para sua mina Quebrada Blanca; Capstone Mining para sua operação em Santo Domingo; Marimaca Corp. para sua mina de Marimaca; e Freeport McMoran para a mina El Abra.

A eles se somam os novos projetos da Anglo American, Albemarle, Collahuasi e da estatal Codelco, cujas iniciativas são analisadas pela BNamericas a seguir.

ANGLO AMERICAN

A subsidiária chilena do grupo mineiro com sede em Londres assinou um acordo com a Aguas Pacífico para fornecer 500 l/s de água dessalinizada a partir de 2025. A usina será construída na zona costeira da região central de Valparaíso pela companhia de água controlada pela Patria Investments.

A instalação cobrirá mais de 45% das necessidades de água da operação de cobre de Los Bronces e beneficiará cerca de 20 mil pessoas nas comunidades vizinhas de Colina e Tiltil, informou a empresa em comunicado esta semana.

O projeto está tramitando as respectivas licenças de produção de água para atender a demanda de diferentes setores, como agricultura e indústria, no centro do Chile.

ALBEMARLE

A subsidiária chilena da norte-americana Albemarle fechou um acordo com a Cramsa Infraestructura para receber um volume máximo de 500 l/s de água dessalinizada em suas operações litíferas no salar de Atacama a partir de 2023.

Isto permitirá reduzir o consumo de água continental numa zona ecologicamente sensível e implementar novos métodos de extração direta de lítio que facilitem a reinjeção de salmoura, segundo um comunicado divulgado este mês.

COMPANHIA DE MINERAÇÃO DOÑA INÉS DE COLLAHUASI

O projeto de cobre C20+ da Collahuasi faz parte de seu plano de desenvolvimento de infraestrutura e melhoria da capacidade produtiva, que inclui uma usina de dessalinização de 1.050 l/s em Puerto Patache, na região norte de Tarapacá.

A construção e operação foram concedidas à empresa Acciona, que ficará no cargo por um período de dois anos, prorrogáveis por mais três, disse Waldo López, gerente de negócios da Acciona Agua, à BNamericas, em entrevista em agosto.

O projeto está em andamento e deve ser concluído em 2025, comentaram representantes da Collahuasi, em meados de novembro.

CODELCO

A empresa estatal de cobre está trabalhando em um projeto de US$ 1 bilhão que fornecerá água dessalinizada para suas operações de Chuquicamata, Radomiro Tomic e Ministro Hales, no norte do Chile.

A planta ficará localizada ao sul da cidade de Tocopilla, na Região de Antofagasta, e sua entrada em operação está prevista para 2025. Na primeira fase, fornecerá uma vazão de 840 l/s, que passará para 1.956 l/s está no segundo.

Um consórcio formado pela Marubeni Corporation e Transelec realizará as obras sob um contrato de construção, propriedade, operação e transferência.

Espera-se que a usina, que também reutilizará água de depósitos de rejeitos, contribua para uma economia de 60% no uso de água continental.

Fonte: BN Americas