Projetos de cobre buscam atender demanda da transição energética

Oito projetos de mineração na América Latina com investimentos totais de US$ 14,76 bilhões devem contribuir com 2,3 milhões de toneladas de cobre por ano a partir de 2023, incluindo expansões.

Com novas minas e aumentos de capacidade, mineradoras no Brasil, Chile, México, Panamá e Peru esperam aproveitar as oportunidades da transição energética mundial.

“Da infraestrutura de energia renovável até os veículos elétricos, a transição para o zero líquido não é possível sem o cobre”, lembrou Eduardo Mencarini, sócio da McKinsey, durante a semana da London Metal Exchange em outubro.

A demanda pelo metal vermelho “crescerá 3% ao ano nos próximos 10 anos, impulsionada por fatores como eletrificação, infraestrutura, produção industrial e uma classe média crescente”, previu.

No entanto, os principais países produtores de cobre da região, Chile e Peru, reduziram seus rendimentos. A produção chilena registrou uma queda de 7% em relação ao ano anterior durante os primeiros oito meses de 2022, em grande parte devido a adiamentos por causa da pandemia e problemas operacionais derivados dos baixos teores de minério e do abastecimento de água escasso na região norte, onde ficam os grandes depósitos a céu aberto do país.

No Peru, a contribuição dos primeiros oito meses de 2022 foi 7% menor que no mesmo período de 2019 (pré-Covid) como resultado de bloqueios prolongados em duas grandes minas de cobre, Cuajone e Las Bambas, por comunidades vizinhas.

Para continuarem liderando a produção de cobre no mundo e ao longo da transformação energética global, o Chile teria de investir uma média de US$ 36,3 bilhões por ano até 2023 e o Peru, US$ 10,4 bilhões, calculou Jeannette Sánchez, diretora da divisão de recursos naturais da CEPAL na XII Conferência Anual dos Ministérios de Mineração das Américas.

Diante desse cenário, a BNamericas analisa os oito projetos de cobre citados.

BRASIL

Aripuanã – Capex acumulado desde 2018: US$ 629 milhões

O projeto da empresa brasileira de mineração e metais Nexa Resources consiste em uma mina subterrânea contendo zinco, chumbo e cobre no estado de Mato Grasso. No terceiro trimestre deste ano, o ativo conseguiu sua primeira produção, e pretende atingir a capacidade total no segundo trimestre de 2023. A projeção é de 28.000 t-35.000 t por ano de metal vermelho.

CHILE

Infraestructura Complementaria (INCO) – Capex: US$ 500 milhões

O projeto na mina Los Pelambres, da Antofagasta Minerals, está localizado na região de Coquimbo. Contempla uma nova linha de moagem na planta concentradora de Chacay, que entrará em operação no primeiro trimestre de 2023, e uma planta de dessalinização com capacidade de 400 l/s, que começará a operar no primeiro semestre de 2023. Com essas instalações, a mineradora espera aumentar o volume anual de cobre da mina em 60.000 t a 400.000 t.

Carteira de projetos de El Teniente – Capex: US$ 5,19 bilhões

As iniciativas na mina da estatal Codelco na região de O’Higgins incluem obras em Andes Norte,Andesita e Diamante. As três áreas visam substituir setores subterrâneos da jazida que estão em processo de esgotamento para garantir a produção anual de 460 mil t de cobre. No terceiro trimestre de 2022, as obras de Andes Norte, localizadas no nível mais profundo, apresentaram avanço de 75,9%, enquanto em Diamante e Andesita atingiram 99,6% e 97,2%, respectivamente. As duas últimas zonas contemplam a construção de 65 km de túneis no total. Andesita entraria em operação em outubro de 2023 e a Andes Norte, em dezembro, enquanto as obras de Diamante seriam concluídas neste ano.

MÉXICO

Buenavista Zinc – Capex: US$ 413 milhões

A mina, pertencente ao Grupo México, fica no estado de Sonora, no norte do país. O projeto envolve a construção de um concentrador que, além de ter capacidade de produção de 100.000 t/ano de zinco, adicionará 20.000 t/ano de cobre. A empresa espera iniciar as operações no segundo semestre de 2023 e atingir 361.200 t/ano.

PANAMÁ

Expansão da Cobre Panamá (CP100) – Capex: US$ 450 milhões

Da canadense First Quantum, o projeto pretende atingir uma produção anual de 400.000 t a partir de 2023 na mina Cobre Panamá. Atualmente, o processo de licenciamento é dificultado pela demora na renegociação do contrato que a mineradora tem com o governo do Panamá. A administração estabeleceu o dia 14 de dezembro como prazo para a empresa assinar o contrato, em que uma das condições é pagar ao Estado entre 12% e 16% do lucro bruto por royalties, além do imposto de renda.

PERU

Quellaveco – Capex: US$ 5,5 bilhões

A mina, da multinacional Anglo American, está localizada no vale do rio Asana. A primeira produção de cobre em concentrado ocorreu em meados de julho e atingiu 20.300 t no final do terceiro trimestre de 2022. O volume anual projetado é de 300.000 t a partir de 2023.

Expansão de Toromocho – Capex: US$ 1,3 bilhão

O projeto da Minera Chinalco Perú na região de Junín tem como objetivo aumentar a capacidade de processamento da mina para 170.000 t/d para produzir 300.000 t/ano. O comissionamento (fase 2) está previsto para o final de 2023.

Expansão de Las Bambas – Capex: US$ 782 milhões

A mina da empresa de capital chinês MMG na região de Apurímac iniciaria as operações do depósito Chalcobamba em 2022, mas uma série de bloqueios liderados por comunidades locais afetaram o transporte de concentrado de cobre e o fornecimento de insumos, arriscando a continuidade do projeto. Se os problemas forem superados, a produção de cobre poderá aumentar para 380.000-400.000 t/ano. O Ministério de Energia e Minas estima que o ativo possa entrar em operação em 2023.

Fonte: BN Americas