Apesar de desaceleração da economia global, Gerdau está confiante para demanda por aço

Após nove meses de resultado recorde em 2022, a Gerdau (GGBR4) continua otimista para o futuro. Apesar da desaceleração global, os executivos da companhia, em teleconferência com analistas feita após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre, defenderam que veem o fim deste ano e o próximo ainda como bons momentos para o setor de metalurgia.

“Estamos tranquilos no que diz respeito à demanda, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos”, disse Gustavo Werneck, diretor executivo (CEO) da Gerdau. “Conversamos com analistas e clientes e seguimos otimistas”.

De acordo com ele, a empresa segue monitorando uma série de fatores que, provavelmente, tendem a impulsionar os resultados em 2023.

As iniciativas do governo americano para atrair fábricas de chips para os Estados Unidos, por exemplo, podem remediar o problema que a indústria automobilística, importante cliente da Gerdau, enfrenta atualmente. Além disso, os planos de infraestrutura aprovados por Joe Biden também devem ser um gatilho positivo para a metalúrgica, bem como os investimentos no setor de óleo e gás – com os preços dessas commodities gerando aportes.

O recuo do volume vendido pela companhia nos Estados Unidos no terceiro trimestre, segundo o executivo, foi causado por manutenções programadas e não por problemas de procura de aço.

Para o Brasil, a mesma expectativa. “A demanda interna segue sólida e, no nosso ponto de vista, continuará assim em 2023”, debate Werneck.

Apesar da possibilidade de a construção civil cambalear por conta do cenário macroeconômico, o executivo avalia que o número de canteiros de obra no país está em patamar recorde.

“O segmento de varejo encontra certa dificuldade, por conta do endividamento das famílias, mas vemos resiliência nos setores de infraestrutura, industrial e principalmente no agro”, aponta.

No quarto trimestre, a Gerdau espera uma queda das vendas e de produção, mas que não será estrutural – e que se dará mais por conta dos eventos de final de ano, com 2022 tendo ainda a Copa do Mundo.

“No mercado de aços especiais, porém, podemos ter alguma queda. Devemos ter uma formação de estoque nas cadeias, pelas paradas das produtoras de automóveis ao longo do ano”, explicou Gustavo Werneck.

Para Gerdau, margens devem continuar em patamares elevados

Quando o assunto é lucratividade, a Gerdau também enxerga que o futuro próximo deve ser positivo – mas há alguns pontos a serem monitorados.

Werneck apontou, por exemplo, que a questão do carvão, commodity utilizada nos fornos industriais, é algo que a metalúrgica acompanha de perto. “Está muito volátil e, por agora, é difícil saber para onde vai”, definiu.

No último ano, por conta da guerra da Ucrânia, o preço desse produto disparou, com ele sendo utilizado como combustível.

A queda das exportações brasileiras, por conta do recuo dos preços no exterior, também é um fator que pode puxar as margens da Gerdau para baixo. “Neste momento, preparamos a operação para continuar exportando em 2023, mesmo com margens mais baixas. Não temos clareza se os níveis continuarão nesses patamares. Reduzimos a exportação da media de 22% para cerca de 9%”, comentou o CEO.

Mesmo assim, a perspectiva dominante é que dificilmente a lucratividade da Gerdau volte aos patamares vistos no passado.

“Falar em normalização de margens, hoje, não faz muito sentido. As margens de 10% a 12% não estão mais no nosso radar, esperamos trabalhar acima disso”, explicou o CEO, citando problemas geopolíticos, o pacote de infraestrutura americano e também melhorias operacionais que a própria empresa aplicou em sua cadeia.

Fonte: Infomoney