AVB amplia vendas e lucra R$ 146 milhões

A siderúrgica Aço Verde do Brasil (AVB), fabricante de aços longos, segue o caminho de ocupar a capacidade de produção instalada de sua usina, que é de 600 mil toneladas por ano de produtos laminados. Atualmente, já supera 60%, com as 92 mil toneladas que foram vendidas no terceiro trimestre, conforme balanço financeiro publicado dia 7.

A unidade de produção de fio-máquina, usado em aplicações industriais, e vergalhões (construção civil e imobiliária) começou a operar em meados de 2018.

“É um processo orgânico e gradual de ocupação da capacidade, em linha com o planejamento que foi traçado”, disse Gustavo Bcheche, diretor financeiro e de relações com investidores da AVB, ao Valor. O volume dos dois produtos representou alta de 2,6% ante o trimestre anterior, mas de 60,8% sobre igual período do ano passado.

A empresa já não comercializou semiacabados, como ferro-gusa e tarugos. “O foco são produtos laminados, que trazem alto valor agregado”, disse o executivo.

A siderúrgica está listada na categoria B da CVM, porém divulga dados trimestrais como companhia com ações negociadas. A AVB registrou lucro líquido de R$ 146,8 milhões de julho a setembro, alta de 1,5% ante igual período de um ano atrás, mas com queda de quase 31% sobre o trimestre anterior. Bcheche explica: “Foi um trimestre de recuo de preços do aço longo, de cerca de 8% contra trimestre passado, e não tivemos a venda extra de produtos semiacabados [25 mil toneladas de ferro-gusa]”.

A receita líquida foi recorde, de R$ 462 milhões, para um terceiro trimestre, mas com recuo de 23% em relação ao trimestre anterior pelos mesmos motivos acima. Sobre o mesmo período de 2021, a receita registrou alta de 30% e isso se deve em grande parte pelo forte aumento de venda de produtos, embora os preços do aço, um ano atrás, estivessem no pico de alta.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado ficou exatamente igual ao do mesmo trimestre do ano passado – R$ 192,9 milhões. No entanto, teve recuo de 30,8% sobre os R$ 278,8 milhões do segundo trimestre. A margem recuou de 54,3% para 41,7% em base anual.

“Mesmo assim, continua a ser uma ótima margem. Apesar de ser uma siderúrgica de escala limitada, a AVB tem a característica de custos bem controlados somada à expansão gradual de ocupação da capacidade instalada”, diz Bcheche. Segundo ele, o plano é estar produzindo em níveis acima de 80% da capacidade até o final de 2024. “Ganhar 10% a cada ano é razoável e saudável, focado em qualidade e na agregação de valor”.

No acumulado de nove meses, a siderúrgica controlada pela família Nascimento, dona do grupo Ferroeste, registrou receita líquida de R$ 1,43 bilhão (+34,4%); Ebitda ajustado de R$ 628,6 milhões (+6,5%) e lucro líquido de R$ 445,9 milhões (+3,5%). A AVB encerrou o trimestre com alavancagem financeira de 0,6 vez pelo critério de dívida líquida sobre Ebitda. O indicador de um ano atrás era 0,9 vez. O montante líquido é de R$ 496,5 milhões considerando caixa de R$ 588,5 milhões ao fim de setembro.

Um dos grandes investimentos da empresa no último ano era a construção de uma termelétrica para recuperar gases dos altos-fornos e gerar energia. Custou cerca de R$ 70 milhões e o início de operação está marcado para a primeira semana de dezembro.

No momento, a AVB não tem nenhum investimento relevante aprovado, porém há projetos em estudos – alguns avançados. Está priorizando a melhoria da taxa de conversão de madeira em biocarbono (usado no alto-forno com minério de ferro). Os aportes correntes mais pesados, diz Bcheche – R$ 80 milhões a R$ 110 milhões ao ano -, são na base florestal.

Fonte: Valor Econômico