Na economia, Lula terá que enfrentar dependência da China

Nos últimos dois anos, a cada R$ 10 que o Brasil por exportações, mais de R$ 3 vieram da China. É o patamar mais alto da história. Essa dependência brasileira da demanda chinesa será um dos principais desafios de Luiz Inácio Lula da Silva em seu terceiro mandato, a partir do ano que vem.

Neste mês, durante o vigésimo Congresso do Partido Comunista, o presidente da China, Xi Jinping, deixou claro que o vai manter o pé no freio em relação ao crescimento econômico. O movimento tem tudo para atingir em cheio a economia brasileira, já que reduz a importação de produtos brasileiros.

O líder comunista garantiu que vai manter sua política de Covid zero, que tem gerado a oscilação no funcionamento de comércios, portos e serviços em cidades inteiras, sendo apontada como uma das grandes responsáveis pela queda da atividade econômica.

“Colocamos a vida das pessoas acima de tudo”, disse, sem dar nenhum sinal de afrouxamento na testagem em massa obrigatória, na vigilância constante, nas quarentenas forçadas e na decretação de lockdowns regionais.

Buscar formas de reduzir o impacto disso nas contas brasileiras é essencial para quem ocupar a presidência nos próximos anos, tendo em vista que a exportação de matérias primas segue como o carro chefe da nossa economia.

O programa de governo do petista eleito neste domingo (30/10) não faz uma menção sequer à China, bem como o do seu adversário, derrotado, o atual presidente Jair Messias Bolsonaro.

Apesar de Bolsonaro ter alfinetado o principal parceiro comercial do Brasil, chegando a insinuar que a Covid-19 seria parte de uma guerra biológica, desde que ele assumiu o cargo, a participação da China no rol de importadores de produtos brasileiros aumentou mais de 15%.

Se hoje estamos no maior patamar da história, foi durante o mandato do ex-presidente Lula que a China teve o maior aumento percentual de sua participação nas exportações brasileiras.

Em oito anos de governo Lula, as exportações para a China passaram de 3,2% para 13,4% do total recebido pelo Brasil.

Os Estados Unidos, que hoje são o segundo maior comprador de produtos brasileiros, viram sua participação minguar na distribuição de produtos brasileiros enquanto a da China crescia.

Nos últimos 20 anos, as posições dos EUA e do gigante asiático no mapa de destino das nossas exportações praticamente se inverteram. Em 2021, os americanos responderam por 11,2% das exportações do Brasil.

A cada 10 toneladas de minério exportadas no ano passado, 6,5 foram para a China. A cada 100 barris de petróleo, 47 seguiram o mesmo destino.

Esse tipo de relação define inclusive o rumo da Bolsa de Valores, definido em grande parte pelas ações da Petrobras e da Vale, exportadoras de petróleo e minério de ferro, que têm a China como seu principal mercado.

A Vale é a empresa com maior representação no Ibovespa, sendo suas ações (VALE3) responsáveis por 14,8% do índice. Os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) respondem por outros 12,4%.

Fonte: Monitor do Mercado