Usiminas analisa nova linha de aços revestidos e inicia renegociação com montadoras

A Usiminas segue analisando novas oportunidades de negócios e considera uma nova linha de aços revestidos, disse o vice-presidente comercial da empresa, Miguel Homes, em teleconferência.

“Continuamos analisando oportunidades de mercado. Analisamos nova linha de aços revestidos, e teremos definição nos meses seguintes”, disse ele.

Ao mesmo tempo, a companhia iniciou as renegociações de contratos que terminam em dezembro com o setor automotivo, mas as conversas ainda estão em fase preliminar e não há definições sobre reajustes, disse Homes.

“O ajuste e tempo de vigência dos contratos serão analisados em conjunto com os clientes”, afirmou ele. Segundo Homes, os contratos que finalizam em dezembro representam de 20% a 25% do volume de vendas ao setor automotivo.

“Temos 60 dias para continuar as negociações e vamos chegar a um acordo para continuarmos sendo fornecedor de aços planos para o mercado automotivo brasileiro”, afirmou. “Vamos continuar monitorando as variáveis que fazem parte das negociações.”

Já os contratos que terminam em abril ainda não estão sendo renegociados e as conversas devem começar no ano que vem, mais perto da data de encerramento, de acordo com Homes.

Ao ser questionado se haverá reajuste negativo, o diretor disse que os contratos seguem a tendência do mercado internacional, e os preços estão caindo.

Homes destacou que o cenário econômico internacional segue desafiador, com o siderúrgico operando com margem comprimida. Segundo ele, a China está levando ao mercado uma sobreoferta de produto com margem negativa, mas isso não deve se manter no futuro. “Não podemos tomar como referência as condições do mercado atual”, disse.

Com relação ao setor de distribuição, ele disse que os reajustes não serão da mesma magnitude, pois tratam-se de produtos e serviços diferentes.

O diretor disse ainda que a demanda automotiva está estável de modo geral, com o mercado externo focado no segmento e com o mercado regional apresentando sazonalidades típicas desta época do ano, com demanda aquecida.

Desafios

O diretor-presidente da empresa, Alberto Ono, destacou que a Usiminas tem grandes desafios pela frente, que incluem a descarbonização e avançar sua agenda de práticas sociais, ambientais e corporativas (ESG, na sigla em inglês).

Para o ano que vem, Ono destacou a reforma do Alto Forno 3, que está prevista para ser iniciada em abril, no que classificou como o maior evento da empresa em termos de investimento, visando a garantir a sustentabilidade da operação de Ipatinga nas próximas décadas.

“Apesar do cenário mais desafiador para a economia nacional e mercados siderúrgicos, trabalhamos para garantir a sustentabilidade de nossas operações”, afirmou o diretor-presidente. Ono destacou que a Usiminas está completando 60 anos, e tem um trabalho bastante intenso na busca da sustentabilidade das operações no curto, médio e longo prazo.

Ele disse ainda que o terceiro trimestre, no geral, contou com a uma mudança de cenário expressiva nos principais negócios da empresa, de siderurgia e mineração, em um contexto bem diferente do primeiro semestre, o que foi refletido nos resultados.

O vice-presidente de finanças e relações com investidores da Usiminas, Thiago Rodrigues, disse o trimestre foi marcado por uma pressão grande no custo, com destaque para o preço das matérias-primas. “O efeito foi muito grande de preço neste trimestre, e a perspectiva é de reversão desse efeito no quarto trimestre”, disse ele.

Rodrigues disse ainda que a Usiminas teve redução grande de Ebitda, com a queda de 6% em volume de vendas, menor demanda de mercado local, resultado impactado pela queda do preço do minério. Já o capital de giro aumento, como esperado, na medida em que a empresa começou a compor estoques de placas para a reforma do Alto Forno 3.

Segundo Homes, a reforma terá impacto de 700 mil toneladas de placa. “Até dezembro teremos acumulado 50% das placas que serão requisitos para atender a demanda com a parada do Alto Forno 3”, disse ele. A Usiminas reiterou meta de investimentos de R$ 2,05 bilhões para 2022.

Fonte: Valor Econômico