A indústria precisa retomar o protagonismo no PIB brasileiro, afirma presidente da Usiminas

O presidente da Usiminas, Alberto Ono, concedeu entrevista à imprensa regional, por ocasião das celebrações do sexagésimo aniversário do início das operações da empresa em Ipatinga. Além de falar sobre o lançamento do livro “Centro de Memória Usiminas – 60 Anos”, uma das ações em celebração ao aniversário da siderúrgica, o executivo discorreu sobre assuntos variados, como a retomada da importância da participação da indústria na economia brasileira.

A companhia completou seis décadas de operações no dia 26 de outubro e Ono agradeceu a todos que contribuíram com este marco. “A todos que participam direta e indiretamente tanto da criação, da instalação da usina, da sua operação, como funcionários, fornecedores, clientes e comunidade. Nos ajudaram a chegar nesses 60 anos de operação”, celebrou.

No dia 26, Alberto Ono assinou um artigo publicado pelo Diário do Aço sobre o processo de desindustrialização, com uma decrescente participação do setor de transformação na formação do Produto Interno Bruto (PIB), o que classificou como um cenário preocupante, que merece maior atenção de toda a sociedade.

Desafio

Na entrevista à imprensa, quinta-feira (27), o presidente reforçou que essa retomada é um desafio que atualmente tem tido destaque, mas na verdade já vem de algum tempo. Ele recorda que na década de 1980 a indústria de transformação, no geral, tinha participação de 20% no PIB, percentual que agora está abaixo de 10%. Houve um decréscimo na participação da indústria da transformação na economia como um todo.

“Vemos fábricas fechando, montadoras deixando o país. É preocupante, mas o que cabe a nós como setor produtivo é sempre buscar pela competitividade, buscar pelo avanço tecnológico, melhoria das condições de infraestrutura e aí dependemos um pouco do setor público, regulamentação, isso tudo traz a competividade que no fim é o que vai ajudar a gente a voltar ter uma participação maior no PIB do Brasil”, avalia.

Conforme o artigo de Alberto Ono, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que em uma década a indústria fechou cerca de um milhão de vagas de trabalho no país. Segundo o instituto, eram 8,7 milhões de pessoas trabalhando no setor em 2011 e 7,7 milhões em 2020. “A competitividade do setor do aço fora dos muros de suas unidades produtivas, porém, segue atrelada, ainda, às várias urgências como as reformas tributária e administrativa, ao enfrentamento dos problemas logísticos do país e de tantos outros desafios novos e antigos”, reforçou.

Mão de obra

Sobre a contratação de mão de obra para a reforma do alto-forno 3, Ono reitera que tem sido um desafio e que a empresa tem tentado, na medida do possível, buscar um maior contingente de pessoas da região. As inscrições estão abertas e para cadastrar o currículo, os interessados devem enviar o documento para o e-mail [email protected] ou deixá-lo na sala de recrutamento externo da Usiminas Mecânica, na avenida Pero Vaz de Caminha 426, no bairro Bom Retiro, em Ipatinga.

Alberto Ono reconhece que, desde o começo do planejamento da obra já havia o entendimento que seria desafiador arregimentar a mão de obra necessária. “O que falta de contingente vamos trazer de outras regiões do Brasil. Temos trabalhado para que esse contingente de pessoas (8 mil trabalhadores) impacte o mínimo possível na vida das pessoas da região. Para isso estamos conversando com os governos municipais para ter medidas de reduzir impactos no transporte, gente que estará ao redor da usina, que precisará de alimentação, logística. Isso está sendo feito junto com prefeitura, Fiemg e Polícia Militar”, detalha Ono.

O principal objetivo da obra é a reforma do alto-forno 3, que terá início efetivamente no mês de abril do ano que vem e vai até agosto. “Além dessa reforma, vamos fazer uma melhoria na Aciaria 2, vamos fazer uma série de melhoramentos na parte de movimentação de matérias-primas. Aproveitaremos para fazer outras manutenções e melhorias, porque quando o alto-forno está em operação isso não é possível, porque funciona 24 horas por dia, não para. E aproveitaremos esse momento para isso”, conclui.

 

 

Fonte: Diário do Aço