Lucro de mineradoras e siderúrgicas deve ter queda substancial no 3º trimestre

As mineradoras e siderúrgicas brasileiras devem sentir o impacto da queda de preços do minério de ferro e do aço durante o terceiro trimestre que, somada ao cenário de custos ainda elevados, deve resultar em uma queda substancial no lucro das companhias do setor.

As cotações do minério de ferro recuaram cerca de 25% entre julho e setembro, negociando próximas a US$103 por tonelada nos principais mercados. Segundo analistas consultados pela Mover, o movimento espelhou um cenário de arrefecimento da demanda na China, a maior consumidora de commodities do mundo, que foi negativamente afetada pela continuidade da chamada “política de Covid Zero”.

Em fases mais críticas, tal política levou ao fechamento de cidades com até 20 milhões de habitantes e à consequente redução do consumo de produtos siderúrgicos, cujo minério de ferro é a principal matéria-prima.

No mesmo período, os preços médios de aços planos e longos domésticos caíram 15% e 7% na base sequencial, respectivamente, segundo a Steel Business Briefing, indicando um cenário de menor demanda.

O consenso da Mover, calculado com base em projeções de bancos de investimentos e corretoras, aponta que a Vale deve registrar um lucro ajustado de US$2,66 bilhões no terceiro trimestre, queda de 31% na base anual, com a desaceleração nos preços do minério de ferro ofuscando uma melhora sazonal na produção da mineradora.

Já Gerdau, CSN e Usiminas devem sentir o impacto de menores preços realizados e “ventos contrários” nas linhas de custos, segundo o Santander Investment. “Os balanços devem reforçar nossa visão de que os resultados do setor atingiram o pico no segundo trimestre”, escreveram Rafael Barcellos e Arthur Biscuola, analistas do banco.

“Os custos serão o grande vilão do terceiro trimestre, uma vez que a queda das commodities leva mais tempo para refletir nos balanços das companhias, pressionando as margens neste trimestre de receitas mais moderadas”, disse Gabriela Joubert, analista-chefe do Inter, em relatório.

De acordo com o consenso da Mover, a Gerdau deve registrar um lucro ajustado de R$3,06 bilhões, queda de 45% na base anual, em linha com o cenário de menores preços e alta de custos no Brasil. No entanto, para Thiago Lofiego, analista do Bradesco BBI, a divisão da Gerdau na América do Norte “deve sustentar as margens em níveis mais altos”.

A Usiminas, por sua vez, possivelmente terá “um trimestre para se esquecer”, disse Lofiego. Além de uma demanda mais fraca no canal de distribuição doméstico e uma queda de 25% nos volumes exportados, o analista prevê uma alta sequencial de 16% no custo-caixa de aço, impactado por preços mais altos de coque e placas.

A expectativa é que o lucro da siderúrgica mineira tombe 89% na base anual, para R$173,3 milhões, conforme calculado pela Mover.

Para a CSN, o consenso Mover prevê um lucro ajustado de R$539,7 milhões, queda de 59% em um ano. Se por um lado a divisão de aço do conglomerado siderúrgico de Benjamin Steinbruch deve enfrentar desafios semelhantes aos das rivais Gerdau e Usiminas, por outro, analistas aguardam uma aceleração do resultado operacional da CSN Cimentos, com a integração de ativos adquiridos da LafargeHolcim.

Já para a CSN Mineração, Carlos de Alba, analista do Morgan Stanley, espera um impacto negativo do recuo nas cotações e vendas do minério de ferro. O consenso da Mover aponta um lucro de R$340 milhões para a divisão, queda de 58% no comparativo anual.

A Vale inicia a temporada de balanços de mineradoras e siderúrgicas, reportando nesta quinta-feira, após o fechamento do mercado. Na manhã de sexta, chega a vez da Usiminas. Em 31 de outubro, reportam CSN e CSN Mineração após o fechamento do mercado. Por fim, na manhã de 9 de novembro, a Gerdau divulga seu balanço do terceiro trimestre.

Fonte: Traders Club