Queda do preço do minério de ferro deve afetar resultado da Vale no 3º tri, estimam analistas

Os preços de venda menores para o minério de ferro devem levar a Vale a registrar um resultado mais modesto no terceiro trimestre, em comparação com igual período do ano passado. A média das projeções de cinco bancos compiladas pelo Valor aponta para um lucro líquido, entre julho e setembro deste ano, de US$ 2,501 bilhões, o que, caso se confirme, vai representar queda de 35,6% frente aos US$ 3,886 bilhões do terceiro trimestre do ano passado.

A média das projeções para a receita líquida indica que a mineradora obteve US$ 9,918 bilhões no terceiro trimestre, o que ficaria 21,8% abaixo de igual período de 2021. Para o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), a média das projeções ficou em US$ 4,338 bilhões, 37,5% menor que no terceiro trimestre do ano passado. O Valor utilizou as prévias de BTG Pactual, Itaú BBA, Bradesco BBI, Citi e Safra. A Vale divulga o balanço do terceiro trimestre na quinta-feira 27), após o fechamento do mercado.

O Itaú BBA, em relatório assinado pelos analistas Daniel Sasson, Edgard Pinto de Souza, Marcelo Furlan Palhares e Barbara Soares, ressalta que a queda dos preços do minério de ferro vai suplantar os volumes mais elevados negociados entre julho e setembro. As vendas de minério de ferro e pelotas somaram, segundo o relatório de produção da empresa, 77,56 milhões de toneladas, 3,74% a mais que as 74,762 milhões de toneladas vendidas em igual período do ano passado.

Em termos de valores, o Itaú BBA estima o preço realizado pela empresa no trimestre ao redor de US$ 95 por tonelada, o que, caso se confirme, significará queda de 25% frente aos US$ 126,7 por tonelada observados no terceiro trimestre do ano passado.

“A Vale deve mostrar um declínio nos resultados no terceiro trimestre, puxado por resultados mais fracos na divisão de minério de ferro”, diz o relatório do Itaú.

Apesar de apontar a expectativa de um resultado mais fraco no minério de ferro, o banco também espera que o Ebitda da divisão de metais básicos caia 24% na comparação com o segundo trimestre, para US$ 460 milhões, também fruto de preços mais baixos sobressaindo frente a volumes maiores e custos menores. Os analistas do Itaú BBA esperam queda de 7% no custo caixa no cobre e no níquel frente ao segundo trimestre, impulsionado pela maior diluição dos custos fixos.

O Bradesco BBI lembra, em relatório assinado por Thiago Lofiego, Isabella Vasconcelos e Camilla Barder, que os preços do minério de ferro com teor de ferro de 62% caíram 25% frente ao segundo trimestre, enquanto os prêmios por qualidade do produto com teor de ferro de 62% a 65% ficaram ao redor de US$ 12 por tonelada no terceiro trimestre, contra patamar de cerca de US$ 23 no trimestre anterior.

Os analistas do Bradesco BBI também esperam que o preço do minério de ferro negociado pela companhia fique ao redor de US$ 95 por tonelada no terceiro trimestre.

Em contrapartida, o banco projeta que os custos totais caiam de US$ 52 por tonelada no segundo trimestre para US$ 48 no terceiro trimestre.

O Safra, em relatório assinado por Conrado Vegner e Vinícius Andrade, também enxerga queda no resultado devido a preços mais fracos do minério de ferro. “O trimestre deve ser marcado por outra queda nos preços realizados que deverá mais que compensar a alta dos embarques”, diz o banco.

Entre as cinco projeções compiladas, as estimativas para o lucro líquido variaram entre US$ 2,261 bilhões do Citi e US$ 2,783 bilhões, do Itaú BBA, enquanto as prévias para a receita líquida ficaram entre os US$ 9,657 bilhões do Bradesco BBI e os US$ 10,105 bilhões do Safra. As estimativas para o Ebitda ficaram entre os US$ 4,170 bilhões do Bradesco BBI e os US$ 4,599 bilhões do BTG Pactual.

Fonte: Valor Econômico