Taxas americanas de juros fazem novas máximas

Apreensão nos mercados, em meio à nova rodada de alta nas taxas de juros globais, após PPI acima do esperado na Alemanha e falas duras de membros do Fomc nos últimos dias, e temores com o setor de tecnologia chinês levando Bolsas à nova queda. Nos juros, taxas americanas fazem novas máximas, com os juros das treasuries de dois anos rompendo os 4,60%. Nas moedas, dia lateral, com o mercado testando o BoJ (o BC japonês) com o dólar rompendo a faixa dos 150 euros, na mínima desde 1992. Commodities tem sessão mista, com destaque para o minério, em queda, operando abaixo dos US$ 90. Por aqui, o Ibovespa deve sofrer com o clima global negativo e a derrocada do minério, mas apostas altistas em empresas estatais, principalmente a Petrobras, podem reduzir o viés negativo do dia. Nos juros, em dia de leilão de pré-fixados, a alta no petróleo e nas taxas globais devem levar à sessão com viés altista. No dólar, desempenho das moedas pares sugere viés altista na abertura.

Na Ásia, o clima global negativo e temores com o setor de tecnologia chinês, após o governo convocar representantes do setor para discutir novas sanções dos EUA, pesaram nas Bolsas, que fecharam em queda. No Japão, o déficit comercial atingiu US$ 14,0 bi (quando a expectativa era de US$ 14,5 bi) em setembro, com exportações de US$ 58,9 bi (28,9% a/a ante expectativa de 27,1% a/a) e importações de US$ 72,9 bi (45,9% a/a ante expectativa de 45,0% a/a). Na Austrália, o emprego ficou estável (a expectativa era de 25 mil) em setembro, levando a taxa de desemprego a ficar estável em 3,5% (a expectativa era de 3,5%). Na China, o PBoC (o BC do país) manteve as taxas base de juros em 3,65% (um ano) e em 4,30% (cinco anos). De acordo com a Bloomberg, o governo chinês discute reduzir de 10 para sete dias a quarentena de Covid-19. Hoje, PPI da Coreia de setembro às 18h e CPI do Japão também do mesmo mês às 20h30.

Na Europa, a inflação acima do esperado na Alemanha, levando os juros alemães na máxima desde 2011, e a tensão política em Londres, meio a temores sobre uma possível queda de Liz Truss, levam as Bolsas à nova queda. Na Alemanha, o PPI subiu 2,3% (expectativa de 1,3%) em setembro, somando 45,8% em 12 meses, máxima da série. Na Zona do Euro, volume de construções pior que a mediana (expectativa de 0,1%), com recuo de 0,6% (2,3% a/a) em agosto. O CPI subiu 1,2% (prévia 1,2%) em setembro, acumulando 9,9% em 12 meses. O núcleo do CPI teve alta de 1,0% (prévia 1,0%), expandindo 4,8% ante o mesmo mês do ano passado. Putin anunciou a imposição de lei marcial nas 4 regiões anexadas (Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhia) na Ucrânia. Na agenda, decisão de juros do CBRT às 8h. L’Oreal e Hermes divulgam resultados após fechamento.

Nos EUA, a cautela com os dados de mercado de trabalho e a alta nos juros, com a taxa das treasuries de 10 anos se aproximando dos 4,20%, leva os futuros à nova queda. As novas construções somaram 1,44 mi (expectativa de 1,48 mi) em setembro, queda de 8,1% (-8,0% a/a) na margem. O Livro Bege de outubro mostrando enfraquecimento da atividade econômica, com dois distritos reportando queda da atividade, mas reforçando que a inflação segue elevada, apesar de moderação, e que as empresas têm tido dificuldades de contratação, o que vem mantendo a pressão salarial. Biden anunciou a venda adicional de 15 mi de barris da reserva estratégica, se comprometendo a recompra se o petróleo atingir US$ 70/barril. Charles Evans (do Fed de Chicago) afirmou que os riscos à inflação seguem assimétricos para cima e que considera apropriada a taxa das Fed Funds entre 4,50% e 4,75%. Neel Kashkari (do Fed Minneapolis) afirmou que vê poucos sinais de ajuste no mercado de trabalho e que o núcleo da inflação não fez pico. Hoje, índice industrial do Fed Filadelfia de outubro e pedidos de seguro-desemprego (dados do último dia 14) às 9h30 e venda de casas usadas (setembro) às 11h. Patrick T. Harker (Fed Filadelfia) discursa às 13h, Philip N. Jefferson (do Fed) às 14h30, Lisa D. Cook (FRB) às 14h45 e Michelle W. Bowman (também do FRB) às 15h05. Resultados do 3T22 de AT&T, Danaher, Philip Morris e Union Pacific após fechamento.

Aqui no Brasil, em dia negativo para as Bolsas globais, penalizadas pela alta nos juros das treasruies, o Ibovespa descolou, impulsionado pelas estatais, fechando aos 116.274 pontos (0,46%), com as petroleiras liderando as altas, em dia de fortes altas no preço do barril. No câmbio, o dólar teve dia de altas disseminadas, que somada à piora nos termos de troca, fez o dólar fechar aos R$ 5,27 (0,42%). Nos juros, a alta das taxas no exterior e a depreciação do câmbio levaram à sessão de alta na curva de DI futuro, que subiu cerca de 8 pontos.

O fluxo cambial foi negativo em US$ 1,8 bi na semana passada, com saídas de US$ 0,2 bi no comercial e de US$ 1,6 bi no financeiro. No ano, a entrada é de US$ 15,3 bi (US$ 16,9 bi em 2021). Tesouro realiza leilão (LTN e NTN-F) às 11h.

Já a pesquisa do Datafolha (apurada de 17 a 19 de outubro) apontou Lula com 49% (anterior 49%) das intenções e Bolsonaro com 45% (anterior 44%). Não sabe/não respondeu em 1% e brancos/nulos em 4%. Já a PoderData (entre dias 16 e 18) mostram Lula com 48% (anterior 48%) das intenções e Bolsonaro, com 44% (anterior 44%). Não sabe/não respondeu em 3% e brancos/nulos em 5%. Há também a Quaest (apurada de 16 a 18 de outubro), que apontou Lula com 47% (anterior 49%) e Bolsonaro com 42% (anterior 41%). Não sabe/não respondeu em 5% e brancos/nulos em 6%.

Fonte: Monitor Mercantil