Navio vai ao mar na quarta

A diretoria do estaleiro Vard Promar desistiu de realizar uma solenidade oficial de lançamento ao mar do primeiro navio construído pela empresa em Pernambuco. Em função da tragédia que vitimou o ex-governador de Pernambuco e candidato à Presidência da República Eduardo Campos, na última quarta-feira, o estaleiro decidiu realizar um evento interno e técnico na próxima quarta-feira.
O presidente do Vard Promar, Miro Arantes, adianta que a data da cerimônia de batismo da embarcação e da inauguração oficial do empreendimento está sendo discutida com a Transpetro. A sugestão será o dia 10 de setembro, mas ainda não está batido o martelo. “A cerimônia da quarta-feira será técnica, sem nenhuma festividade em função da tragédia ocorrida”, reforça o empresário.
Enquanto não recebe um nome, o primeiro navio do Vard Promar construído no Complexo de Suape é chamado de EP 3. A embarcação é o terceiro dos oito gaseiros (responsáveis pelo transporte de gás de cozinha) encomendados pela Transpetro ao estaleiro. Os dois primeiros foram construídos na planta do grupo em Niterói, no Rio, como estratégia para evitar atrasos no cronograma de encomendas. O pacote, que deverá ser entregue até 2017, está orçado em US$ 536 milhões. Após a cerimônia de batismo, o navio deverá seguir para a prova de mar (teste de navegação) em dezembro e integrar a frota da Transpetro no início de 2015.
Além dos gaseiros, o Vard Promar tem mais duas embarcações em carteira. São navios PLSVs afretados pela Petrobras ao consórcio formado pelas empresas Technip e DOF Subsea, com valor projetado em US$ 520 milhões.
A meta do estaleiro para os próximos anos é garantir o ritmo na entrega das encomendas e avançar no volume de processamento de aço. A previsão para este ano é processar 8 mil toneladas (equivalente ao corte de chapas para a construção de dois navios e meio), ampliando para 9 mil toneladas (quatro navios) em 2015 e projetando um volume de 12 mil toneladas num intervalo de 5 anos.
Outra estratégia do Vard Promar é acelerar a qualificação e contratação de mão de obra, à medida em que a execução da carteira avança. Hoje já são mais de mil funcionários e a previsão é alcançar 1.800 até o final do ano.
SETOR
A indústria naval está apostando na expansão do pré-sal para garantir encomendas pelo menos até 2020. Pelas contas da Associação Brasileira das Empresas de Construção Naval e Offshore (Abenav), o setor de petróleo e gás ancorado na produção do pré-sal deverá promover um faturamento anual de US$ 17 bilhões para o setor. Os principais segmentos beneficiados serão a fabricação de navios, a fabricação de embarcações de apoio à produção e a construção de plataformas de perfuração e produção. Hoje, a carteira de encomendas dos estaleiros brasileiros inclui 373 embarcações. Só o pacote de plataformas é de 90 unidades até 2025, com valor calculado em US$ 120 bilhões.
Apesar do otimismo com a carteira, os empresários do setor defendem a necessidade de melhorar a competitividade do setor no cenário internacional. O assunto foi discutido durante a Marintec South America – 11ª Navalshore, que se encerrou ontem no Centro de Convenções do Rio de Janeiro.
Apesar de ter a quarta maior carteira de encomenda de petroleiros do mundo, o Brasil tem se mostrado menos competitivo do ponto de vista de preço, prazo de entrega e produtividade da mão de obra. Um exemplo clássico foi a construção do navio João Cândido, no Estaleiro Atlântico Sul (EAS), que demorou quase quatro anos para ficar pronto e teve custos mais de 50% acima do valor inicial.

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