ANM detalha interdição em mina da Vale em Mariana

Após a Itatiaia ter informado com exclusividade a interdição de atividades na Mina de Fábrica Nova, em Mariana, a Agência Nacional de Mineração (ANM) detalhou a medida. Ao todo, 295 pessoas podem ser retiradas do distrito de Santa Rita Durão, considerada área de risco.

De acordo com a ANM, as pilhas interditadas são a PDE Permanente I, PDE Permanente II e PDE União Vertente Santa Rita. A estrutura fica próxima a uma barragem que, isoladamente, não tem risco de rompimento. No entanto, segundo relatório da agência acessado pela Itatiaia existe “alta probabilidade de causar falha por galgamento no dique situado imediatamente à jusante (à frente) em caso de sinistro”. Caso o material descesse, o distrito de Santa Rita Durão, onde fica o subdistrito de Bento Rodrigues (destruído pelo rompimento da barragem da Samarco, em 2015) seria atingido em 35 minutos.

O documento, revelado em primeira mão pela Itatiaia, afirma ainda que a população não foi alertada sobre o risco. “Tanto a população situada na ZAS quanto os organismos de defesa civil e demais órgãos competentes não foram alertados do potencial risco causado pela pilha PDE Permanente I”, diz o relatório.

Segundo apuração da coluna, a Vale inseriu um documento no Sistema Eletrônico de Informações comunicando que as pilhas de rejeitos à frente da barragem estão instáveis. A Itatiaia teve acesso com exclusividade ao documento. O laudo foi elaborado pela consultoria Walm em 2020, mas inserido pela Vale apenas em 2023, conforme apurou a coluna.

Segundo a ANM, foram suspensas de imediato as atividades de disposição de estéril em pilhas da Mina de Fábrica Nova, da Vale, por não comprovação da estabilidade das estruturas. As pilhas interditadas são a PDE Permanente I, PDE Permanente II e PDE União Vertente Santa Rita.

A ANM alega que “nesta semana, equipe da ANM, em parceria com a Defesa Civil, está realizando vistoria no local para definir a linha de ação que deve ser adotada pela empresa. Assim que for apresentado laudo atestando a estabilidade das estruturas, a ANM decidirá sobre a manutenção ou não da intervenção”.

Em nota à Itatiaia, a Vale informou que “acompanha vistoria da ANM e Defesa Civil, nesta segunda-feira, para os esclarecimentos necessários sobre as condições de estabilidade das estruturas, que permanecem inalteradas”. A mineradora alega que “as estruturas geotécnicas da companhia são vistoriadas frequentemente pela agência reguladora e monitoradas permanentemente por equipe técnica especializada”.

No final do dia, dez horas após a notícia da interdição das pilhas que poderiam desestruturar a barragem, a mineradora enviou nova nota à imprensa dizendo não há risco de rompimento, que não haverá necessidade de evacuação e confirmando a interdição das pilhas de minério, conforme já havia sido informado pela nossa reportagem. “A Vale esclarece que não há risco iminente atrelado às pilhas de estéril da mina de Fábrica Nova, em Mariana (MG), assim como não há a necessidade da remoção de famílias. Diferentemente do que foi veiculado por alguns veículos de imprensa, a pilha de estéril é uma estrutura de aterro constituída de material compactado, diferente de uma barragem e não sujeita à liquefação. Importante também esclarecer que o dique de pequeno porte localizado à jusante de uma das pilhas tem declaração de condição de estabilidade positiva. A Vale reitera que a segurança é um valor inegociável e que cumpre todas as obrigações legais. A Vale continuará colaborando com as autoridades e fornecendo todas as informações solicitadas.”

 

Fonte: Itatiaia