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Principais entraves às exportações brasileiras estão relacionados à logística, mostra pesquisa da CNI

A competitividade das exportações brasileiras é prejudicada por uma série de entraves desde a origem, nas empresas, até o país de destino. Para subsidiar proposição de melhorias e recomendações de políticas públicas que solucionem esses problemas, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) elaborou uma nova edição da pesquisa Desafios à Competitividade das Exportações Brasileiras. Entre os 43 entraves avaliados, as questões relacionadas à logística de comércio exterior se destacam como as mais importantes, com quatro dos cinco principais obstáculos indicados pelos exportadores.

Entre os principais entraves estão o “custo do transporte internacional”, as “elevadas tarifas cobradas pelas administrações portuárias”, o “custo do transporte doméstico” e as “elevadas tarifas cobradas por aeroportos”. Completam a lista dos cinco maiores gargalos “a volatilidade da taxa de câmbio”. Para o ordenamento dos principais entraves foi considerada a soma dos percentuais de empresas que classificaram o item como “impactou muito” ou como “entrave crítico”.

“A elaboração desse diagnóstico é fundamental para a orientar as prioridades da política de comércio exterior brasileiro. Esperamos que os resultados norteiem a estratégia de política comercial do Brasil e contribuam com respostas eficazes para ampliar a participação do Brasil no comércio mundial”, avalia a gerente de Comércio e Integração Internacional da CNI, Constanza Negri.

Custo do transporte internacional é principal obstáculo para todos os modais  

Principal obstáculo apontado pelas empresas exportadoras, o custo do transporte internacional é considerado crítico e de alto impacto por 60,7% das empresas participantes – percentual mais expressivo do que os 40,4% registrados na pesquisa anterior, em 2018. De acordo com o estudo, o entrave é considerado o mais importante, independente do principal modal de transporte utilizado na exportação: marítimo, rodoviário ou aéreo. A piora de percepção com o entrave é um reflexo da piora nos custos de transporte internacional nos últimos anos devido, sobretudo, aos efeitos da pandemia de Covid-19.

As elevadas tarifas cobradas pelas administrações portuárias também tiveram destaque no ranking geral e ocupam o segundo lugar, com avaliação de alto impacto ou crítico por 40% das exportadoras. E em terceiro na lista de principais obstáculos às exportações, de acordo com o levantamento, está o custo do transporte doméstico, avaliado nesses dois graus de impacto por 33,7% das empresas exportadoras.

“É importante destacar que os entraves às exportações considerados pelas empresas exportadoras como de alta relevância estão todos na esfera externa às empresas. De acordo com a avaliação das participantes, os entraves classificados como internos às empresas são todos de baixa relevância, ou seja, menos importantes”, ressalta Constanza Negri.

Dentre os 43 tipos de entraves avaliados pelas empresas, os 16 mais importantes (com percentual de assinalações em “crítico” ou “impactou muito” acima de 25%) foram considerados de alta relevância. No terço intermediário, ou seja, de relevância intermediária, estão os próximos 15 entraves; e no terço de baixa relevância estão os últimos 12 entraves em termos de importância.

Entraves de nove categorias foram avaliados

Esta edição do estudo dá continuidade ao trabalho de identificação e monitoramento dos principais entraves à exportação no Brasil, iniciado em 2002 pela CNI. A pesquisa dividiu os entraves nos seguintes grupos: macroeconômicos; institucionais; legais; burocracia alfandegária e aduaneira; acesso a mercados externos; tributários; mercadológicos e de promoção de negócios; logísticos; e internos às empresas. Na análise por categorias de entraves, além dos logísticos já destacados, aparecem em destaque entre aqueles de alta relevância os macroeconômicos, institucionais, tributários e legais.

ENTENDA AS CATEGORIAS DE ENTRAVES ÀS EXPORTAÇÕES

Logísticos:
infraestrutura brasileira e logística internacional
Os custos do transporte internacional pioraram desde a última pesquisa e é o desafio mais importante para os exportadores.

Macroeconômicos:
visão dos exportadores sobre a influência da taxa de câmbio e dos juros na exportação
A volatilidade do câmbio é o 4º maior dos 43 entraves.  Um a cada três empresários considera fator como “impacta muito” ou “crítico”. Comparado à última edição, houve melhora em relação aos juros para financiamento da produção e à exportação.

Institucionais:
estratégia, eficiência e transparência governamental nas políticas ligadas ao comércio exterior
Os mais importantes e indicados como de muito impacto ou críticos foram a falta de estratégia governamental de comércio exterior com objetivos, metas e prazos (30,5%) e a baixa eficiência governamental para a superação das barreiras existentes nos mercados externos (29,5%).

Legais:
complexidade das leis e normas do processo de exportação e suas interpretações
Foram destaques no grupo a proliferação de leis, normas e regulamentos de forma descentralizada (26%) e as múltiplas interpretações dos requisitos legais por parte dos diferentes agentes públicos (25,8%).

Burocráticos, alfandegários e aduaneiros: 
exigências de documentos, procedimentos alfandegários e aduaneiros, sistemas de informação do processo de exportação, custo e duração
Na comparação com a última pesquisa, as taxas cobradas por órgãos anuentes e os procedimentos para despacho e liberação das cargas melhoraram.

Burocráticos, alfandegários e aduaneiros:
o principal desafio na categoria é o excesso e a complexidade dos documentos requeridos para exportações, a não aceitação de assinaturas eletrônicas e exigências de documentos originais. Avaliados como um só entrave, os desafios foram considerados muito impactantes ou críticos em 23,9% das respostas.

Acesso a mercados externos:
barreiras tarifárias e não tarifárias aos produtos brasileiros e a capacidade do governo de promover acesso a mercados internacionais
80% dos exportadores enfrentaram pelo menos um obstáculo nos mercados de destino das exportações.

Tributários:
na categoria, o principal entrave é a alta e complexa carga tributária incidente direta ou indiretamente nos produtos exportados. Três em cada cinco empresas indicaram que pelo menos um tributo impacta muito ou é crítico na competitividade das exportações.

Mercadológicos e de promoção de negócios:
dificuldade das empresas de vender e promover
suas mercadorias no mercado externo.
Nove em cada 10 empresas usaram pelo menos um serviço de apoio à internacionalização para entrar no comércio internacional.

Internos às empresas:
entraves ligados à capacidade das empresas de exportar
Nesta edição, as exportadoras ouvidas consideraram que as maiores dificuldades estão em fatores externos às empresas, por isso os obstáculos internos avaliados são de baixa relevância e não ganharam destaque.

Como foi feita a pesquisa

Às empresas exportadoras, foi apresentada uma lista de 43 entraves e solicitado que avaliassem o impacto de cada um deles nos respectivos processos de exportação nos últimos dois anos. Os obstáculos foram classificados em uma escala que variava de 1 a 5, sendo que 1 indica que o entrave não causou impacto, 2 indica que impactou pouco, 3 aponta que foi moderado, 4 que impactou muito e 5 que foi um entrave crítico.

Para facilitar a análise, a ordenação dos entraves em termos de impacto sobre as exportações foi baseada na soma dos percentuais de empresas que os classificaram nas opções “impactou muito” e “crítico”. Em seguida, os obstáculos foram divididos em três grupos:

– No primeiro, de alta relevância e composto por 16 entraves, aqueles cujo percentual de empresas que o classificaram como “impactou muito” e “crítico” supera 25%;
– O segundo grupo, de relevância intermediária, inclui 15 entraves, aqueles com percentual de “impactou muito” e “crítico” abaixo de 25% e acima de 18%;
– E o terceiro, de baixa relevância, composto pelos 12 entraves com percentual de “impactou muito” e “crítico” abaixo de 18%.

Fonte: CNI

Só 10 barragens de rejeitos de minério foram desativadas em Minas Gerais desde 2019

Desde a criação da Lei 23.291/2019, que impõe às mineradoras a obrigatoriedade de descaracterizar 54 barragens de rejeitos construídas a montante em Minas Gerais, apenas 10 foram descomissionadas. Vale ressaltar que o prazo final estabelecido pela legislação para extinção desse tipo de estrutura era o dia 25 de fevereiro deste ano. No entanto, o limite não foi cumprido e a extinção de algumas barragens poderá ocorrer somente na próxima década.

A explicação para o atraso é a característica de cada estrutura, que pode impactar a segurança do descomissionamento. O gerente de Recuperação de Áreas de Mineração e Gestão de Barragens da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Roberto Gomes, afirma que cada barragem tem um prazo específico definido por projetos técnicos.

Segundo ele, hoje, algumas estruturas a montante, em função do seu nível de emergência, podem ter o período de descaracterização prolongado de sete a até dez anos. O motivo é a necessidade de “mais estudos para que a intervenção seja feita de forma segura”. De acordo com Gomes, também existem barragens que já estão em fase de conclusão, sendo que duas delas já finalizaram as obras e aguardam a tramitação de documentação interna.

Ele ressalta o Termo de Compromisso firmado pelo governo de Minas, Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e mineradoras para que a desfiguração das barragens ocorra “na maior brevidade possível”. Destaca ainda que todo o processo é acompanhado pela equipe técnica do Estado e por empresas auditoras externas e que o não cumprimento do prazo inicial resultou em multas e sanções às empresas.

Quanto à relação do número de barragens a montante em estado crítico e o total de estruturas neste estágio em Minas, o gerente de Recuperação de Áreas de Mineração e Gestão de Barragens da Feam afirma que a situação de emergência nem sempre resultará em descaracterização da estrutura.

Barragens embargadas 

Na última terça-feira (18), a Agência Nacional de Mineração (ANM) divulgou que 31 barragens de Minas Gerais estão embargadas. O embargo é aplicado quando as empresas não entregam a Declaração de Condição de Estabilidade (DCE) ou quando o documento apresentado não atesta a estabilidade da estrutura.

Os dados da ANM divergem dos números da Semad, que indicam 28 barragens nesta situação. De acordo com Gomes, essa divergência ocorre porque o Estado precisa receber a demanda formalizada pelo empreendedor, enquanto a ANM tem um sistema “que atualiza sozinho”.

Operação detecta irregularidade em estrutura

O governo de Minas Gerais também apresentou ontem os resultados preliminares da 4ª Operação Preventiva Integrada de Fiscalização de Barragens. A iniciativa, conjunta entre órgãos do meio ambiente e segurança, foi realizada entre os dias 17 e 21 deste mês. O objetivo era avaliar as estruturas das barragens e analisar as medidas tomadas pelas mineradoras para garantir a segurança da população no período chuvoso.

A fiscalização aconteceu em 15 barragens de rejeitos e 5 estruturas de contenção a jusante (ECJ) espalhadas por 11 municípios. Até o momento, a única irregularidade encontrada foi na ECJ de Forquilhas, pertencente à mineradora Vale e localizada no município de Itabirito, região Central de Minas.

De acordo com o superintendente de Fiscalização Ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Gustavo Endrigo de Sá Fonseca, a irregularidade é em virtude de uma obra de desassoreamento de um curso d’água que causou uma elevação da turbidez do corpo hídrico do local.

“Devido às chuvas do início deste ano, houve um assoreamento de um curso d’água na região. Não tinha correlação direta com a própria estrutura ou com outras estruturas de barramento do entorno. Foi um evento em decorrência do grande volume de chuvas do começo do ano. A empresa então empreendeu a atividade para limpar esse curso d’água”, disse.

“Porém, durante a fiscalização, observou-se que a qualidade da água nesse local estava prejudicada pela elevação da turbidez, o que não deixa de ser natural devido ao tipo de intervenção que estava acontecendo. No entanto, essa empresa vai receber uma advertência. Não será uma multa ainda. Ela terá um prazo de até 90 dias para regularizar essa situação constatada e restabelecer a qualidade do corpo hídrico”, completou.

O superintendente da Semad ainda explicou que a turbidez “decorre da movimentação de sólidos no entorno do curso d’água, principalmente na atividade de remoção de material de terra”. Com isso, a água perde sua transparência e limpidez e fica turva, ou seja, escura.

Em comunicado encaminhado ao DIÁRIO DO COMÉRCIO, a Vale explicou que realiza no momento um conjunto de obras e que se manifestaria após notificação oficial.

“A Vale informa que está em fase final um conjunto de obras para reforçar a segurança de suas estruturas e reduzir impactos ambientais no período chuvoso, incluindo a limpeza do curso d’água que passa próximo à Estrutura de Contenção a Jusante. A empresa se manifestará formalmente tão logo seja comunicada oficialmente pelo Governo do Estado”, trouxe a nota.

Quanto ao processo de seleção de quais estruturas seriam fiscalizadas, o gerente de Recuperação de Áreas de Mineração e Gestão de Barragens da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Roberto Gomes, ressaltou que a definição ocorreu a partir da visualização de quais barragens sofriam questionamento da população na época chuvosa.

Segundo ele, a partir daí foram enviadas equipes para determinadas regiões, como, por exemplo, a ECJ de Forquilhas, em Itabirito, e a Barragem Casa de Pedra, em Congonhas. De acordo com a Semad, foram mobilizados 33 militares, divididos em 19 grupos, durante os cinco dias de operação.

DC Responde

O que são barragens?

Barragens são estruturas construídas com o objetivo de conter a passagem de materiais líquidos, sólidos ou provenientes da mistura dos dois elementos. As barragens de rejeitos, utilizadas na mineração, têm o intuito de armazenar todos aqueles materiais que são descartados durante o processo de beneficiamento de minério.

Fonte: Diário do Comércio

Faturamento do setor mineral cai 30% no terceiro trimestre de 2022

O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) divulgou nesta 5ª feira (20/10) dados inéditos sobre o desempenho da indústria da mineração no 3º trimestre de 2022 (3T22). Os resultados do 3T22 são, no geral, superiores aos do 2º trimestre (2T22), mas abaixo dos registrados no 3º trimestre do ano passado (3T21).

Na comparação entre o 3T22 e o 2T22 o faturamento apresenta elevação de 33%, de R$ 57 bilhões para R$ 75,8 bilhões. Mas, na comparação entre o 3T22 e o 3T21, o Ibram informa que houve declínio no faturamento: de R$ 108,7 bilhões para R$ 75,8 bilhões (-30%). Nesse período de comparação houve destaque para as quedas nos preços de commodities – principalmente do minério de ferro, que é líder em produção e em exportação entre os minérios.

A produção mineral brasileira cresceu 3% em toneladas no 3T22 na comparação com igual período de 2021 (3T21): passou de 355 milhões para 365 milhões de toneladas. Este valor é uma estimativa do IBRAM, em razão de a Agência Nacional de Mineração (ANM) ainda não ter divulgado os dados oficiais.

Segundo o diretor-presidente do IBRAM, Raul Jungmann, o desempenho do setor no 3T22 representa uma evolução em relação ao 2º trimestre, porém, sinaliza que o fechamento do ano será aquém dos resultados de 2021. “É um setor historicamente cíclico, sazonal, que sofre influências de diversas fontes. Ainda assim, mantém posição fundamental para a prosperidade econômica do Brasil, ao proporcionar oportunidades de emprego e arrecadação de tributos e encargos de forma expressiva” – R$ 26,1 bilhões de arrecadação de tributos e encargos no 3T22.

A redução da produção e da demanda de aço na China é um dos fatores que influencia o preço do minério de ferro e, consequentemente, o desempenho da mineração brasileira em termos de produção e exportação. Restrições à produção industrial na China em razão da covid-19, fenômenos climáticos, como tufões e chuvas intensas, também influenciam o mercado e a produção de aço naquele país, principal consumidor de minério de ferro brasileiro – entre outros minérios. As consequências do conflito na Ucrânia também estão prejudicando os mercados, acrescenta o IBRAM, com reduções na oferta de minério e crise de energia reduzindo a produção de aço na Europa.

Investimentos no Brasil

Raul Jungmann também destaca que no período 2022-2026 a indústria da mineração irá investir US$ 40 bilhões no Brasil, sendo cerca de US$ 4 bilhões em investimentos socioambientais. “É um imenso volume de capital, que poderia ser muito maior, se o Brasil contasse com instrumentos de financiamento da atividade mineral, como mantém para outros setores igualmente importantes, como o agronegócio”, afirma. Em termos de empregos, de janeiro a agosto o setor criou mais 5,6 mil vagas, totalizando 203,8 mil vagas diretas, segundo dados oficiais (Novo CAGED). De janeiro de 2021 a agosto de 2022 são 18.313 vagas criadas.

Faturamento

Em termos de faturamento, o minério de ferro representou, no 3T22, 64% do faturamento total da indústria da mineração. O desempenho de faturamento desse minério apresentou queda de 43%, sendo R$ 48,2 bilhões no 3T22 e R$ 85,1 bilhões no 3T21. Na comparação com o 2T22 o faturamento cresceu 35%. Importante observar que o preço médio desse minério apresentou queda de 37,3% no 3T22 na comparação com o 3T21.

O faturamento relacionado ao ouro no 3T22 caiu 4%. Foi de R$ 6,4 bilhões no 3T21 e de R$ 6,2 bilhões no 3T22 (na comparação com o 2T22 o faturamento cresceu 20%). O ouro representou 8% do faturamento da indústria mineral no 3T22. O preço médio do ouro apresentou queda de 3,5% no 3T22 na comparação com o 3T21.

O cobre teve queda de 13% no faturamento. Ele baixou de R$ 4,6 bilhões no 3T21 para R$ 4 bilhões no 3T22 (na comparação com o 2T22 o faturamento cresceu 39%). O cobre respondeu por 5% do faturamento total no 3T22. O preço médio do cobre apresentou queda de 19,3% no 3T22 na comparação com o 3T21.

Comparativamento ao 3T21, calcário dolomítico (35%), bauxita (51%) e granito (46%) apresentaram altas expressivas em faturamento no 3T22: R$ 3,2 bilhões; R$ 1,8 bilhão; R$ 1,5 bilhão, respectivamente.

MG e PA apresentam queda no faturamento com mineração. GO teve crescimento.

Os principais estados mineradores, Minas Gerais e Pará, observaram queda no faturamento. Ela pode ser justificada pelas reduções de preços das commodities metálicas, principalmente.

MG registrou faturamento de R$ 47,8 bilhões no 3T21 e de R$ 29,7 bilhões no 3T22, uma redução de 38%; o PA registrou R$ 47,2 bilhões no 3T21 e R$ 29,7 bilhões no 3T22, queda de 37%. No 3T22 MG e PA responderam, cada um, por 39% da produção mineral nacional. Na comparação entre o 3T22 e o 2T22, MG apresentou crescimento de 19% no faturamento e PA de 60%. O Pará teve aumento de 20% nas suas exportações em relação ao 2T22, enquanto MG teve queda de 12%.

Goiás registrou crescimento no faturamento total de 30%. Passou de R$ 2,2 bilhões no 3T21 para R$ 2,9 bilhões no 3T22. GO respondeu por 4% da produção mineral brasileira no 3T22. Na comparação entre o 3T22 e o 2T22, GO apresentou crescimento de 74% no faturamento. O aumento no faturamento do estado pode ser atribuído ao aumento no faturamento do calcário dolomítico e fosfato, pois o estado é um dos maiores produtores destas substâncias. Goiás também é importante produtor de níquel, nióbio, ouro e cobre.

A Bahia registrou faturamento de R$ 2,6 bilhões no 3T21 e 3% a menos no 3T22 (R$ 2,5 bilhões) – o estado respondeu por 3% da produção mineral brasileira no 3T22. Na comparação entre o 3T22 e o 2T22, a BA apresentou queda de 14% no faturamento.

São Paulo registrou aumento de 20% no faturamento no 3T22 (R$ 2,2 bilhões), na comparação com o 3T21, principalmente em relação à produção de agregados para a construção civil e granito, sendo que o estado também é importante produtor de água mineral e fosfato; em relação ao 2T22 o aumento no faturamento foi de 44%.

Mato Grosso registrou aumento de 25% no faturamento no 3T22 (R$ 2,1 bilhões), na comparação com o 3T21, muito em razão da produção de ouro e calcário dolomítico, este muito usado na correção de solos; em relação ao 2T22 o aumento foi de 16%. SP e MT respondem, cada um, por 3% da produção mineral brasileira.

Fonte: ABM Notícias

Execução de projetos é o grande desafio para negócio de metais básicos, diz Vale

O presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, comentou nesta sexta-feira, 21, os desafios para o crescimento do negócio de metais básicos, para o qual vem buscando um sócio minoritário. “O maior desafio é a execução de projetos. Não por causa da licença. O prazo para comercializar o projeto é muito longo. Esse é um dos motivos pelos quais queremos dar uma nova governança ao negócio, para dar agilidade”, disse, durante evento sobre mineração promovido pelo jornal britânico Financial Times.

O executivo afirmou que deseja incrementar a produção de níquel da casa de 200 mil toneladas para 300 mil toneladas.

O guidance da companhia prevê a faixa de 175 mil a 190 mil toneladas neste ano. Para o cobre, a ideia é atingir 500 mil toneladas. A produção, no terceiro trimestre, foi de 74,3 mil toneladas. O guidance é de 270 mil a 285 mil toneladas.

O objetivo é crescer organicamente, enfatizou o executivo, lembrando o valor escondido dos metais básicos dentro do minério de ferro. Bartolomeo ressaltou ainda que não vê à frente um superciclo em minério de ferro. “Pode eventualmente haver um superciclo em níquel e cobre. Mas não em minério de ferro, que é um negócio maduro.”

Contudo, enfatizou que o segmento de minério de ferro não está morrendo. “Quando você olha para o mundo novo, nós queremos liderar exatamente este espaço”, disse, frisando: “99% do nosso portfólio é de alta qualidade. O que queremos é traduzir essa qualidade em briquetes verdes e HBI.”

O executivo acrescentou que a Vale está procurando um lugar para instalar unidades desses produtos, citando México, Oriente Médio ou Brasil.

Fonte: Investing

Após recuperação judicial, quais os próximos planos da Aço Cearense?

Encerrado o processo de recuperação judicial, o Grupo Aço Cearensejá prepara os planos restruturação, reinvestimento e operação nesse novo momento de mercado.

De acordo com vice-presidente comercial e financeira da companhia, Aline Ferreira, há a previsão de expandir a produção da planta no Paráe fazer novos aportes em logística, tecnologia e cultura empresarial. Além disso, a empresa já estuda a viabilidade de começar a produzir aço verde nos próximos anos.

Todas essas previsões fazem parte de um plano de adaptação da Aço Cearense, deixando de lado qualquer indício de uma mudança brusca do modelo de operação atual, mesmo que a executiva esteja sendo preparada para assumir o controle da empresa no futuro. No entanto, ainda não há um prazo definido para vice-presidente comercial ascender ao posto de CEO do Grupo.

Aline Ferreira, contudo, descreve os planos de expansão de forma clara e direta. Já tendo investido cerca de R$ 200 milhões no projeto de ampliação da planta da Sinobras (empresa do Grupo) em Marabá (PA), a Aço Cearense ainda deverá alocar R$ 400 milhões no projeto. O objetivo é impulsionar a produção no local, passando de 380 mil toneladas de aço por ano, para cerca de 800 mil toneladas.

Além disso, Ferreira destacou que a Aço Cearense deverá fazer investimentos em logística, comprando caminhões e carretas; tecnologia e inovação; melhorias dos processos de relacionamento com clientes; e fortalecimento da cultura empresarial, para auxiliar as adaptações durante o processo de transição.

“A gente não para de investir. Os acionistas estão sempre pegando os resultados e investindo nos negócios. Estamos mais que dobrando a nossa operação no Pará, saindo de 350 mil toneladas para 800 mil toneladas; estamos investindo em logística, compra de carretas e caminhões; em tecnologia; CRM (Gestão de Relacionamento com o Cliente, da sigla em inglês); cultura empresarial, até para termos uma cultura forte”, explicou Aline.

“Ainda temos uma agenda de ESG (Governança ambiental, social e corporativa, da sigla em inglês), frentes de inovação e excelência operacional. Estamos investindo em gente, tecnologia e operação”, completou.

Atualmente, o Grupo Aço Cearense, após ter anunciado o corte de 1,3 mil colaboradores durante a pandemia, gera 4 mil empregos diretos e mais de 20 mil indiretos, segundo previsão repassada pela vice-presidente comercial.

Apesar da ampliação da produção da planta no Pará, Aline Ferreira confirmou que, por conta da capacidade ociosa ainda registrada no Ceará, não há perspectivas para ampliações nas plantas instaladas no Estado.

IMPACTOS DA PANDEMIA 

Sobre a crise gerada pela pandemia do novo coronavírus, Aline Ferreira destacou que os impactos sentidos pelo mercado global também ajudaram a impulsionar os resultados do setor de siderurgia, fator importante durante o processo de recuperação da Aço Cearense após a crise registrada entre 2015 e 2016.

A empresa, que possuía uma dívida da aproximadamente R$ 1,8 bilhão (principalmente com bancos), conseguiu renegociar com os credores e, agora, conta com o endividamento na faixa de R$ 800 milhões.

“Muitas usinas diminuíram produção, a logística do mundo foi impactada e tivemos uma ruptura muito grande, lockdown na Ásia, nos principais produtores de aço da região, então criou-se um novo ambiente de negócios, mas no início da pandemia, que jogou o preço do aço para um valor de recuperação após a queda da crise de 2015 e 2016, quando estávamos pagando para vender”, explicou Aline.

“Mas as pessoas ficaram mais dentro de casa, e pensaram em construir um puxadinho, um banheiro e cuidar do espaço que elas tinham, que é a casa. Então elas consumiram muito aço e tivemos esse benefício de mercado, que colaborou muito para os resultados da Aço Cearense e do mercado de aço no mundo inteiro nos últimos dois anos. 2021 foi, disparado, o melhor ano do século para o setor de siderurgia, e encaixa a gente nesse momento de sair da recuperação judicial, estando equilibrado financeiramente”, completou.

Apesar dos resultados positivos, a executiva reforçou que a empresa sempre manteve cuidados reforçados para garantir a saúde e segurança de todos os funcionários durante a pandemia. Aline ainda ressaltou as dificuldades de adaptação para o trabalho remoto e a digitalização de alguns processos durante o período, que ainda contou com operação total da produção de aço para atender o mercado da construção civil.

EXPECTATIVA DE MERCADO

Olhando para o futuro, Aline projetou que 2023, ainda sendo influenciado pelo cenário de incertezas gerado pelas eleições majoritárias no Brasil, deverá ser um ano de cautela para o mercado e para a Aço Cearense.

Esse cenário não deverá impedir ou estacar investimentos que estão sendo planejados, mas demandará atenção para o cenário macroeconômico mundial.

Com possíveis crises nos mercados na Europa e nos Estados Unidos, empresas precisão de muita atenção nos próximos meses, segundo ela. Apesar das dificuldades, 2024 deverá ser um ano de recuperação da economia para a executiva.

“Achamos que o próximo ano será de muita observação para nos preparar para surpresa do impacto de uma crise, seja na Europa ou Estados Unidos, das decisões da China, que é um gigante no mundo. Mas achamos que 2024 será um ano de retomada”, disse.

AÇO VERDE 

Enquanto projeta os cenários econômicos, a Aço Cearense também está estudando a viabilidade de investir em uma planta de produção de aço verde, que seria utilizado até no projeto de expansão da operação em Marabá. A iniciativa está sendo organizada em parceria com a Vale e deverá ter um relatório finalizado até o fim de 2023.

A definição sobre a entrada nesse novo mercado, contudo, deverá ser anunciada apenas ao fim dos estudos de viabilidade.

“A gente observa tudo, quando se fala em grafeno, de aço verde, até porque temos um projeto com a Vale, estudando a viabilidade técnica, financeira e operacional de construir uma planta, pensando que produziríamos um insumo que usaríamos na expansão da Sinobras”, disse Aline.

“Estamos olhando para isso, mas não podemos atirar para todos os lados, até porque seria uma irresponsabilidade, então estamos com um estudo de 12 a 18 meses com a Vale sobre aço verde. Outras empresas estão explorando o hidrogênio verde, e isso dando certo, nós vamos botar isso na mesa”, completou.

SUCESSÃO NA COMPANHIA

Outro ponto que será amplamente discutido pela gestão da Aço Cearense é sucessão no cargo da presidência, hoje ocupado pelo fundador Vilmar Ferreira. Cotada para assumir o posto, ainda que não haja um prazo definido, Aline Ferreira falou sobre os desafios relacionados aos processos de análise do futuro da empresa.

“O meu nome está na pauta, e estou sendo preparada para isso, mas eu tenho muita humildade, por mais que eu esteja recebendo apoio dos executivos e do CEO da empresa, que é o meu pai, eu tenho humildade para, se existir alguém melhor do que eu, a gente possa colocar essa pessoa na mesa”, disse.

“Se eu atrapalhar o crescimento do Grupo, eu atrapalho a nossa visão de ajudar o desenvolvimento do País, a vida dos nossos colaboradores, e isso está muito claro”, completou.

Fonte: Diário do Nordeste

Curso – Gestão de Custos Industriais e Formação do Preço de Vendas

Em 7 de dezembro, a ABIFA, em parceria com a Albuquerque Paulo & Associados, realizará, via web, o curso Gestão de Custos Industriais e Formação do Preço de Vendas, voltado ao setor de fundição.

Objetivo

Aperfeiçoar as competências dos profissionais da Indústria Metalúrgica (fundição e usinagem), com vistas a apurar e gerenciar os custos do processo produtivo com eficiência e formar o preço de venda corretamente.

Conteúdo Programático 

1) Conceitos e Elementos de Custos

O que é e qual sua importância
Classificação dos custos
Objetivos gerais, sistema de custos e métodos mais utilizados

2) Métodos de Custeio

Aplicabilidade
Lógica dos sistemas de custeio
Custeio por absorção (RKW)
Custeio ABC (por atividade)

3) Bases Estruturais

Fluxo do sistema de custos
Taxa horária

Gestão de Custos Industriais e Formação do Preço de Vendas

Data: 07/112/2022

Carga horária: 4 horas

Horário: 14 h às 18h

Local: via web

Investimento Associado ABIFA: R$ 300,00

Investimento não associado ABIFA: R$ 600,00

Inscrições: abifa-rs@abifa.org.br

Fonte: Abifa

Brasil abriga três fábricas consideradas faróis da manufatura 4.0

O Brasil passa a contar com três fábricas consideradas pelo Fórum Econômico Mundial como Faróis da Manufatura 4.0 (Manufacturing Lighthouses). Na mais recente ampliação da lista da Global Lighthouses Network, divulgada no início de outubro, foi incluída a fábrica da Flex, de Sorocaba (SP), que assim se junta às plantas da Renault, no Paraná, e da Modec, no Rio de Janeiro.

A rede Global Lighthouses foi criada pelo Fórum Econômico Mundial em 2018 com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento da Indústria 4.0 no mundo. No primeiro ano foram indicadas nove plantas; em 2019, mais sete. Atualmente, com as 11 recém-incluídas, a rede de faróis da manufatura 4.0 já soma 114 fábricas, em várias regiões do planeta.

O objetivo do Fórum é que esta rede “ilumine” o caminho para que outras indústrias de todo o mundo possam resolver os problemas enfrentados na implantação de tecnologias avançadas. “Os faróis estão ajudando fabricantes de todo o mundo a adotar tecnologias mais recentes por meio de uma jornada de aprendizado compartilhada, servindo como balizas para superar os desafios de atualização de tecnologia em escala na fabricação”, informa a nota divulgada pelo Fórum.

FLEX – Ao ser admitida na Global Lighthouse Network, a Flex (antiga Flextronics) divulgou nota à imprensa. Nela, informa que este reconhecimento é “resultado da jornada de aplicação de tecnologias da 4ª Revolução Industrial, iniciada em 2017, que colocou ênfase em três frentes: sustentabilidade, pessoas e crescimento econômico”. A planta da Sorocaba é a segunda do grupo a ser admitida na rede global: em 2021 a planta de Althofen, na Alemanha, já havia sido incluída.

“A fábrica da Flex em Sorocaba está liderando o caminho para o futuro da manufatura, aproveitando as tecnologias 4.0 para alcançar não apenas eficiência e qualidade, mas também priorizando a sustentabilidade e o atendimento aos funcionários, que são elementos críticos para as fábricas da Global Lighthouse Network”, disse Francisco Betti, head de Plataforma de Produção e Modelagem de Manufatura Avançada do Fórum Econômico Mundial.

“A Flex está focada em entregar excelência em manufatura para seus clientes e o site em Sorocaba é um exemplo brilhante. Estamos honrados em ser reconhecidos como uma das primeiras fábricas da Global Lighthouse Network no Brasil”, disse Hooi Tan, presidente de Operações Globais e Cadeia de Suprimentos da Flex.

Entre as inovações introduzidas na fábrica brasileira da Flex estão o sistema de gerenciamento de desempenho de fábrica digital habilitado para IoT (Internet das Coisas) conectado a 44 linhas de produção. Isso fornece dados em tempo real e transparência, resultando em redução de perda de material em 81% e um aumento na eficácia geral do equipamento (OEE) de 23%.

Além disso, foi desenvolvido um ecossistema de economia circular, incluindo logística reversa de resíduos eletrônicos, utilizando IoT e nuvem para rastreamento em tempo real; a criação de uma linha digital de ergonomia de ponta a ponta com monitoramento em tempo real dos operadores; a implementação de soluções robóticas que eliminaram tarefas repetitivas; e ainda uma solução avançada de Supply Chain em tempo real para acelerar o fluxo de produtos, criando transparência sob demanda e permitindo a resiliência da cadeia de suprimentos.

RENAULT – O Complexo Ayrton Senna, que abriga quatro fábricas da Renault, integra a rede do Fórum desde 2020. Segundo a própria empresa, um dos fatores principais para a conquista do reconhecimento foi a utilização de tecnologias e processos digitais desde o início da produção dos veículos até o processo de venda.

O processo produtivo do complexo conta com várias tecnologias que facilitam e aceleram o dia a dia de produção. A reposição de peças e transporte de ferramentas são realizadas por mais de 200 AGVs – Automatic Guided Vehicles (Veículos Guiados Automaticamente), com rotas programadas e controladas que garantem a chegada de peças e materiais aos destinos corretos, garantindo a programação das plantas produtivas.

A linha de produção conta com diversas configurações de robôs, desde colaborativos, que trabalham em ações específicas do processo produtivo e auxiliam o operador em trabalhos menos ergonômicos ou que exigiriam muita força braçal, até robôs de maior porte, que atuam principalmente no procedimento de solda, na área de carroceria e garantem dinamismo e velocidade ao processo produtivo.

Os supervisores e chefes de produção da Renault do Brasil possuem um tablet que permite a visualização clara do fluxo produtivo, garantindo o acompanhamento em tempo real e aumentando a capacidade reativa para qualquer problema ou situação envolvendo a linha de produção. A ferramenta também otimiza o armazenamento e a consolidação de dados que posteriormente são utilizados para melhorar processos e está conectada à área comercial e de supply chain. Ao todo, em 2020, o complexo já contava com mais de 200 profissionais conectados utilizando tablets.

Outra tecnologia que garante segurança e confiança para os clientes, segundo a Renault, é o RFID – Radio Frequency Identification, que permite a visualização da localização e o rastreio de todos os veículos que são produzidos na fábrica até chegarem às concessionárias ou no porto para transporte. Com o uso da tecnologia, a Renault conseguiu reduzir em cerca de 30% o tempo de expedição dos veículos.

MODEC – Já o caso da Modec é bem distinto – aliás, quando de sua admissão em 2020 era um caso único na rede -, pois trata-se de uma FPSO, uma plataforma de petróleo. O FPSO Cidade de Campos dos Goytacazes MV29 foi desenvolvida, construída e é operada pela Modec, empresa japonesa que atua no Brasil desde 2003.

O destaque desta FPSO é o seu projeto de digitalização, que tornou as operações mais seguras e eficientes, que conta com mais de 10 mil sensores instalados. “A Modec impulsionou a produção, aproveitando o Advanced Analytics para manutenção preditiva, um gêmeo digital de sua planta de processo e uma plataforma de dados proprietária para acelerar o desenvolvimento e implantação de novos algoritmos”.

Segundo a empresa, essas tecnologias permitiram redução de 65% no tempo de inatividade da FPSO MV29 desde o início da produção. “Temos uma grande quantidade de dados de nossas operações no Brasil e, com a ajuda de ferramentas digitais, podemos antecipar problemas e garantir a operação segura e estável”, disse, na ocasião, Soichi Ide, Chief Digital Officer e vice-presidente do Grupo Modec, acrescentando que o processamento desses dados trouxe avanços tangíveis para as operações, “como o uso de aprendizado de máquina para realizar manutenção preditiva em equipamentos e identificação precoce de problemas em nossa planta de processamento”.

Entre os 114 Faróis da Manufatura estão fábricas de vários setores industriais. Da indústria automotiva, como a da BMW, da Alemanha; farmacêutica, como a unidade italiana da Bayer; de autopeças, como a Bosch, da China; siderúrgicas, como a Tata Steel, da Holanda; de processamento de gás, da Saudi Aramco, da Arábia Saudita; de componentes eletrônicos, a Foxconn, da China; e também de ferramentas, com a fábrica da Sandvik Coromant, em Gimo, na Suécia.

Fonte: Usinagem-Brasil

Emergentes pedem que G-20 adote ações contra múltiplas crises

Países emergentes, incluindo o Brasil, defendem no G-20 que a cúpula dos chefes de governo e de Estado, marcada para 15 e 16 de novembro em Bali (Indonésia), manifeste algum consenso por ações mesmo modestas para responder às múltiplas crises na economia global, e que pode afetá-los cada vez mais.

A guerra da Rússia contra a Ucrânia e seu impacto global é uma das principais razões da fratura nas relações no grupo das 20 maiores economias do mundo. Este ano, desde a invasão russa, o G-20 não conseguiu ter nenhuma declaração ministerial, nem sequer dos ministros de educação, num racha sem precedentes no grupo.

Mais recentemente, o G-7, reunindo as maiores economias desenvolvidas, desistiu de “cancelar” a Rússia do grupo e de instituições internacionais, e aceitou negociar alguns textos —  mas continua procurando isolar Moscou. De seu lado, os russos vetam qualquer crítica a seu ataque militar. Ao mesmo tempo, a queda de braço opondo os EUA e a China vai continuar tendo crescente impacto no grupo agora e pelos próximos anos. Washington busca frear a China em questões tecnológicas e financeiras.

Assim, no G-20 algumas negociações de textos até avançam, mas quando chega aos efeitos da guerra a situação embaralha. Sem consenso, fica bloqueada uma resposta coletiva envolvendo riscos de dura recessão global e atenuar a dívida das nações mais pobres.

Também ficam paralisadas ações envolvendo transição energética, transformação digital, infraestrutura sustentável, reforma fiscal internacional. Objetivos de desenvolvimento sustentável para 2030, adotados na ONU em 2015, devem fracassar, no ritmo atual.

Emergentes, incluindo o Brasil, Argentina, México, Indonésia, Turquia e Índia, insistem que o lugar para discutir paz e guerra é no Conselho de Segurança da ONU.

Esses países sinalizam que não querem escolher um lado no G-20, e sim ser parte da solução para tentar recuperar um mínimo de cooperação econômica internacional. Tanto diante da urgência da situação atual de alta de preços, insegurança alimentar, aumento rápido de juros, etc, como para continuar projetos estruturais.

Para a cúpula de Bali, em menos de um mês, alguns países desenvolvidos têm insistindo que seus presidentes não têm condições de assinar declaração conjunta com a Rússia. Uma opção que apareceu na mesa no G-20 foi repetir a chamada “solução 19+1”, em referência a uma declaração sobre clima só não assinada em 2019 pelos EUA, então sob a presidência de Donald Trump. A questão é como conseguir consenso em um texto sobre a guerra mesmo entre os 19, tamanha a fratura geopolítica que continua piorando.

Na recente votação da condenação na ONU do referendo em quatro territórios ucranianos anexados ilegalmente pela Rússia, somente o Brasil, entre os Brics, votou a favor, enquanto a China, Índia e África do Sul se abstiveram e a Rússia evidentemente votou contra.

A decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), o cartel do petróleo, em 5 de outubro, de baixar a produção em plena crise energética mundial, quando países ocidentais pediram o inverso disso, também ampliou as dificuldades. Os EUA advertiram para consequências nas relações com a Arábia Saudita, vista como tendo agido a favor da Rússia na prática.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, conclamou o G-20 a aumentar imediatamente o alívio da dívida de países vulneráveis, por exemplo refinanciando a dívida bilateral que vence entre 2023-2025. Mas no grupo os países do G-7 acusam a China, maior credor do mundo de dívidas bilaterais, de causar problemas na reestruturação dessas dívidas.

De seu lado, Pequim se defende e quer que o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) também aceitem cortar uma parte da dívida que eles cobram dos países em desenvolvimento.

A expectativa na Indonésia, na presidência do G-20, é de que, do lado do Brasil, vença ou não a eleição presidencial, Jair Bolsonaro vá a Bali para a cúpula de 15 e 16 de novembro, acompanhado de seus ministros da Economia, Paulo Guedes, e das Relações Exteriores, Carlos França.

Fonte: Valor Econômico

Unificação de 5 tributos eleva ganhos e produtividade, diz estudo

Uma reforma tributária sobre consumo pode não só trazer ganhos de produção para todos os grandes setores, como indústria, agropecuária e serviços, como também trazer simultaneamente maior crescimento econômico e maior progressividade, com redução da desigualdade.

Essa é uma das conclusões de estudo que simula os impactos macroeconômicos e distributivos da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 45/2019. Pela PEC, seria instituído um Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) a partir da unificação de cinco tributos – os federais IPI, PIS e Cofins, o ICMS estadual e o ISS municipal. O IBS proposto segue o modelo do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), não cumulativo, com alíquota uniforme e investimentos livres de tributação, entre outras características.

De autoria dos professores Edson Paulo Domingues e Debora Freire Cardoso, da Universidade Federal de Minas Gerais, o estudo foi elaborado a pedido do Centro de Cidadania Fiscal (CCiF) e deve ser discutido hoje em debate sobre os impactos setoriais de uma reforma na tributação sobre consumo promovido pelo think tank.

Baseado em dados das contas nacionais do IBGE de 2015, o estudo considerou quatro cenários. Um com a substituição dos cinco tributos pelo IBS, sem imposto seletivo. Um segundo cenário com essa substituição e um imposto seletivo sobre fumo, bebidas e combustíveis fósseis. Foram simulados também mais dois cenários adicionando a isso os efeitos de ganhos de produtividade de longo prazo, um em nível mais conservador e outro mais otimista. A premissa foi de reforma com impacto neutro na arrecadação como proporção do PIB. No primeiro cenário a alíquota do IBS foi estimada em 26,35%, e nos demais, em 24,19%.

O estudo é anterior às reduções de ICMS recentes em combustíveis, energia elétrica e telecomunicações. Para Debora, as mudanças no decorrer deste ano não têm efeito sobre os resultados porque o horizonte da simulação não é de curto prazo e elas dificilmente serão mantidas de forma permanente.

Os resultados mostram que os maiores ganhos com a reforma seriam da indústria porque, diz Edson Domingues, é o setor mais dependente de investimentos e no qual a tributação efetiva hoje tende a ser mais alta em razão do grande encadeamento de insumos na produção. Nos cenários sem efeito da produtividade, o aumento de atividade da indústria supera 8%, enquanto nos cenários que incorporam aumento de produtividade o efeito atinge 16,7%, com o ganho mais conservador, e 25,7% com o ganho mais otimista.

Mas o efeito benéfico da reforma também atingiria os demais grandes setores da economia, diz o estudo. Mesmo nos cenários sem aumento da produtividade haveria aumento da produção da agropecuária (pouco mais de 3%) e do setor de serviços (em torno de 2,5%). Segundo o estudo, esse resultado se dá porque os efeitos da redução da cumulatividade e da ampliação da renda das famílias mais que compensam o aumento da alíquota do IBS na comparação com a tributação atual em alguns subsetores da agropecuária e dos serviços. Com os ganhos de produtividade, o impacto positivo na atividade agropecuária seria de 10,6% no cenário conservador e de 18,2% no otimista. Para os serviços, o efeito favorável seria de 10,1% para ganho de produtividade conservador e de 18% para otimista.

A tributação sobre consumo hoje, diz Domingues, está “mal colocada, mal distribuída, com alíquotas muito heterogêneas”. O estudo mostra que uma alíquota homogênea já traz ganhos para PIB, investimentos e consumo porque o sistema hoje é muito ineficiente.

O estudo também detalha os impactos em 66 ramos de atividade. Nessa desagregação os setores industriais também são os com melhor desempenho em termos de aumento de produção. O ramo de construção, destaca Domingues, é o que tem melhor desempenho, com ganho em torno de 15% nos dois primeiros cenários. Na agropecuária todos os principais setores – agricultura, pecuária e produção florestal e pesca – têm crescimento em todos os quatro cenários, o mesmo acontecendo com indústria de alimentos.

No caso dos serviços, embora a maioria dos setores seja beneficiada em todos os cenários, diz o levantamento, alguns ramos, como alimentação fora de casa, serviços pessoais e saúde e educação privados, apresentam queda relativa no nível de atividade nos dois primeiros cenários. Domingues explica que a queda acontece em razão da natureza desses serviços, voltados mais para consumidores finais, com menor proporção de insumos intermediários na produção, sendo menos beneficiados pela redução da cumulatividade que viria da reforma. Nos cenários em que se considera efeito de produtividade, ressalta, mesmo esses ramos de serviços teriam impacto positivo.

Domingues ressalta que o efeito na atividade econômica é um dos impactos da reforma. Há também, diz, efeito na redução de custos, o que ocorre em todos os 66 ramos nos quatro cenários. “A educação privada, por exemplo, pode crescer menos que a indústria, mas ficará mais lucrativa porque seu custo de operação vai cair.”

O estudo mostra ainda um aumento do poder de compra das famílias medido como proporção da renda. O efeito benéfico viria para todos os grupos, mas especialmente para as faixas de renda mais baixas. Nos cenários que consideram o efeito da produtividade os ganhos são mais homogêneos entre as famílias de 11 faixas de renda. Mesmo assim o benefício é maior nas famílias de menor renda. Segundo Debora, isso acontece porque a reforma tributária traria um padrão de efeitos setoriais heterogêneo reduzindo mais os custos da indústria e da produção de alimentos do que de serviços. Com isso, se reduz mais o peso da cesta de consumo das famílias mais pobres do que da cesta de consumo dos mais ricos, de forma relativa.

No sistema atual, diz ela, a cesta de consumo das famílias de maior renda é mais intensiva em serviços e menos tributada em termos relativos do que a cesta de consumo das famílias mais pobres, mais intensiva em mercadorias.

“Quando se discute mudanças tributárias em geral há uma contraposição usual entre eficiência e equidade. Mas o sistema tributário brasileiro é tão cumulativo e penaliza tanto a produção de certos bens que não há esse trade off. Haveria tanto ganho de eficiência quanto redução da desigualdade com uma reforma da tributação do consumo”, diz Debora. Esse efeito ainda seria maior associado ao modelo de isenção personalizada, com devolução do imposto sobre consumo pago sobre cesta básica para famílias de menor renda.

Fonte: Valor Econômico