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Inflação atrapalha progresso de projetos de mineração na América Latina

A inflação desenfreada está dificultando o desenvolvimento de projetos e elevando os custos em todo o setor de mineração da América Latina, com as empresas buscando impactos contínuos em 2023.

A invasão da Ucrânia pela Rússia estimulou um aumento nos preços do gás natural, diesel e energia, com as mineradoras também relatando custos crescentes de materiais, incluindo equipamentos, pneus, reagentes e aço.

As empresas também estão vendo um aumento nos custos trabalhistas, em parte devido às consequências da pandemia da Covid-19, com os custos de envio e frete aumentando as pressões inflacionárias.

“A inflação de custos está definitivamente ocorrendo em toda a indústria [de mineração]”, disse Joe Bormann, chefe de classificações corporativas da Fitch Ratings na América Latina, à BNamericas. “Em um nível geral, está acontecendo com todas as empresas por aí.”

As mineradoras não esperam que a situação melhore substancialmente no futuro próximo.

“À medida que olhamos para o futuro, esperamos que as pressões inflacionárias e os impactos de um mercado de trabalho competitivo persistam em 2023, resultando em níveis de produção e custos unitários semelhantes a este ano”, disse o CEO da Newmont, Tom Palmer, na teleconferência de resultados do segundo trimestre.

IMPACTOS DOS PROJETOS

Os impactos estão sendo sentidos no desenvolvimento de projetos em toda a América Latina.

No mês passado, a Newmont adiou uma decisão de construção de seu projeto de ouro e cobre Yanacocha Sulfides de US$ 2,0 bilhões, no Peru, em dois anos, para o segundo semestre de 2024, após uma revisão do escopo do projeto.

“Como parte de sua revisão, a Newmont considerou as condições de mercado sem precedentes e em evolução, incluindo a guerra contínua na Ucrânia, taxas de inflação recordes, preços crescentes de commodities e matérias-primas, interrupções prolongadas na cadeia de suprimentos e mercados de trabalho competitivos”, informou a empresa em comunicado.

Outros projetos tiveram estimativas de capex crescentes.

A Teck Resources e a nova parceira de joint-venture Agnico Eagle Mines disseram em setembro que o capex de desenvolvimento para o projeto de cobre-zinco de San Nicolás, no México, poderia estar na faixa de US$ 1 a 1,1 bilhão, com base no ambiente de custo atual e na precisão da estimativa – acima dos US$ 842 milhões previamente previstos.

Também no México, a Torex Gold espera custos de construção mais altos para seu projeto de ouro e cobre Media Luna, estimado em US$ 848 milhões em um estudo de viabilidade de março, em comparação com US$ 496 milhões em um PEA de 2018.

A estimativa de março reflete, em parte, o atual ambiente inflacionário, disse a Torex na época. “Queremos que o projeto seja palatável para o mercado, mas também queremos que seja crível, realista e algo que possamos entregar”, disse o CEO Jody Kuzenko à BNamericas em julho.

Outras empresas conseguiram manter os custos do projeto sob controle, apesar da inflação.

A SilverCrest Metals está atualmente aumentando as operações em sua mina de ouro e prata Las Chispas, no valor de US$ 138 milhões, no México, que iniciou a produção antes do previsto e abaixo do orçamento em julho.

A Minera Alamos delineou um desenvolvimento de baixo capex no PEA da sua Cerro de Oro, no início de outubro, com custos de capital de pré-produção em US$ 28,1 milhões para um ativo que deverá produzir 58.400 onças/ano de ouro durante uma vida útil de 8,2 anos.

A baixa intensidade de capital do projeto, apesar das pressões inflacionárias desenfreadas, é uma prova do modelo de negócios da empresa, disse o presidente da empresa, Doug Ramshaw, em um comunicado.

SUSPENSÃO, CORTES DE DESPESAS

A inflação também foi o principal fator na decisão da Pan American Silver de suspender as operações subterrâneas em seu ativo de ouro e prata Dolores, no México, depois que um déficit nas notas desencadeou uma análise de deterioração, disse a empresa em agosto.

A First Majestic Silver também reduziu seus planos de gastos devido ao aumento dos custos.

CUSTOS DE PRODUÇÃO

A comissão chilena de cobre Cochilco também relatou custos de produção mais altos em todos os ativos de cobre do país devido à inflação global e à menor produção.

Os custos de caixa dos maiores produtores no principal país de mineração de cobre do mundo aumentaram US$ 0,183/lb no primeiro semestre, em comparação com o mesmo período do ano passado, com 16 operações menores tendo um aumento muito mais acentuado, US$ 0,542/lb.

CUSTOS PASSADOS

Mas com as mineradoras continuando a se beneficiar dos fortes preços dos metais industriais e preciosos, em comparação com as médias históricas, os custos mais altos serão repassados aos consumidores.

Os preços dos metais estão sendo impulsionados em parte pela escassez global ligada ao lento desenvolvimento de projetos, interrupções nas minas e demanda crescente, com o consumo de metais, incluindo cobre e lítio, devendo aumentar nos próximos anos em busca de energia renovável e veículos elétricos.

“Com a escassez de metais por aí, a maioria desses aumentos de preço serão transferidos para os usuários finais”, acrescentou Bormann.

“Os compradores lá fora vão pagar por isso e, no final do dia, vão apenas empurrar [os custos crescentes] para os consumidores.”

 

Fonte: BN Americas

Tesouro Direto: investimentos dobram em 4 anos

Os investimentos no Tesouro Direto — um programa do governo federal desenvolvido em parceria com a Bolsa de Valores para aplicação por meio da venda de títulos públicos — se aproxima de R$ 100 bilhões, segundo o relatório do Tesouro Nacional divulgado na terça-feira 25.

No mês passado, o valor aumentou 2%, em comparação com agosto. Os investimentos em títulos públicos nunca superaram a marca de R$ 100 bilhões. Em 2018, o valor investido era de pouco mais de R$ 54 milhões. Há dez anos, o montante não chegava nem a R$ 10 bilhões.

O estoque aumentou quase 30% só de janeiro a setembro deste ano, alta similar registrada em todo o ano de 2021. O crescimento da aplicação em títulos públicos coincide com o período de alta na taxa básica de juros, a Selic. O Banco Central (BC) subiu os juros para 13,75% ao ano, para controlar a alta inflação em 2022.

Ao aumentar a taxa, os investimentos em renda fixa ficam mais atrativos, porque são mais seguros e têm menor volatilidade que os de renda variável, como a Bolsa de Valores, por exemplo.

O estoque do Tesouro Direto deve ter o maior crescimento anual em 2022 desde 2016, quando subiu 60%. Naquele ano, a Selic terminou aos 14% ao ano.

Fonte: Revista Oeste

Brasil gera quase 280 mil vagas de emprego em setembro

Em setembro, o mercado de trabalho brasileiro registrou a abertura de quase 280 mil vagas de emprego com carteira assinada. O dado veio acima do esperado pelo mercado. Com isso, o saldo acumulado de contratações em 2022 ficou positivo em pouco mais de 2 milhões de postos.

Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e foram divulgados nesta quarta-feira, 26, pelo Ministério do Trabalho e Previdência. Ao longo do mês de setembro, o país teve 1,9 milhão de admissões, contra 1,6 milhão de desligamentos.

Todos os cinco setores da economia brasileira registraram abertura líquida de vagas formais de emprego em setembro. O saldo foi puxado por serviços, com 122 mil contratações. Aparecem em seguida comércio (58 mil) e indústria (57 mil). Na construção civil, foram criados 31 mil postos de trabalho e na agropecuária 9,4 mil.

A boa nova confirma as previsões do Ministério da Economia segundo as quais o Brasil está conseguindo se recuperar em ritmo acelerado, diferentemente de outros países.

Fonte: Revista Oeste

EUA ampliam importação de carne bovina brasileira

A carne bovina brasileira ampliou a participação em grandes mercados mundiais. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda), houve uma grande evolução, principalmente, no mercado norte-americano.

De janeiro a agosto deste ano, o Brasil foi responsável por 16% de toda a carne bovina que os Estados Unidos importaram. Esse porcentual é bem superior aos 6% de igual período do ano passado.

Na avaliação do Usda, a carne brasileira teve um aumento de 91% em volume nos oito primeiros meses no mercado dos EUA. O Brasil tomou espaço da Austrália e da Nova Zelândia e foi o principal país fora da América do Norte como fornecedor para os Estados Unidos. Canadá e México lideram as vendas.

Conforme dados da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), que traz os números até setembro, as exportações brasileiras de carne bovina para os Estados Unidos aumentaram para 129 mil toneladas no período, quase 60% a mais do que no ano passado.

Do total da carne bovina exportada pelo Brasil, os EUA compraram pouco mais de 7%, contra 5% há um ano.

A União Europeia, como afirmam representantes do bloco, também passou a depender mais da carne do Brasil e da do Reino Unido. Até setembro, a Europa Ocidental importou 89 mil toneladas dessa proteína do país, 10% a mais do que 2021. Neste mesmo período, o Leste Europeu comprou 39 mil toneladas, 2% a mais.

O grande mercado para o Brasil foi a China, que comprou 924 mil toneladas até setembro, 30% a mais do que em igual período de 2021. Com isso, a participação dos chineses foi de 53% no volume exportado pelos brasileiros.

Conforme dados da Abrafrigo, as exportações totais da carne bovina somaram 1,7 milhão de toneladas nos nove primeiros meses, com aumento de 17%. As receitas subiram 36%, atingindo US$ 10,1 bilhões.

A carne que está sendo exportada tem valor médio de US$ 5,9 mil por tonelada, 14% a mais do que em outubro do ano passado.

Fonte: Revista Oeste

Pequenos negócios atingem menor nível de inadimplência desde início da pandemia

A retomada mais consistente das atividades econômicas no país já apresenta reflexos sobre as contas dos pequenos negócios brasileiros. Pesquisa feita pelo Sebrae e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que a proporção de micro e pequenas empresas inadimplentes, incluindo os microempreendedores individuais (MEI), alcançou o menor patamar registrado em toda a série histórica com 24%. O maior índice (41%) foi registrado em final de maio/início de julho de 2020.

Os dados são da Pesquisa Pulso dos Pequenos Negócios, realizada entre os dias 26 de agosto e 11 de setembro deste ano, por meio de formulário online com a participação de todos os 26 estados brasileiros e o DF. Desde março de 2020, início da pandemia da Covid-19, o Sebrae acompanha os impactos da crise sobre os pequenos negócios. Há um ano, o índice de inadimplência encontrava-se em 31%.

Além disso, o último levantamento também mostra que 37% dos pequenos negócios estão com as dívidas sob controle, enquanto 39% não apresentam dívidas. No mesmo período do ano passado, em levantamento semelhante feito pelo Sebrae e a Fundação Getúlio Vargas (FGV), os percentuais eram de 35% tanto para as empresas com dívidas em dia quanto para as empresas sem dívida alguma.

O presidente do Sebrae Nacional, Carlos Melles, reconhece o esforço dos empreendedores em colocar as contas em dia. “Bastou melhorar um pouco o faturamento médio das empresas que a inadimplência caiu. Isso prova o quanto os donos de pequenos negócios são comprometidos e bons pagadores”, avalia.

De fato, o levantamento feito pelo Sebrae e IBGE mostra também que houve uma melhora no faturamento médio das empresas, verificando-se um resultado positivo de 3%. Além disso, a pesquisa destaca que metade dos empresários realizou investimentos nos últimos meses, principalmente na aquisição de máquinas e equipamentos (31%) e instalações (26%).

Crédito

Um terço dos pequenos negócios do país procuraram por empréstimos em instituições financeiras nos três meses anteriores à pesquisa. No entanto, apenas quatro entre 10 deles conseguiram o crédito.

Melles destaca que o acesso ao crédito para os pequenos negócios foi decisivo para a sobrevivência das empresas e a consequente retomada econômica. “Vamos continuar defendendo uma política de crédito mais acessível para os donos de pequenos negócios que neste ano foram responsáveis por mais de 70% dos empregos com carteira assinada gerados no Brasil”, declarou.

Fonte: Administradores

Arrecadação federal é de R$ 166,28 bilhões em setembro

A União arrecadou R$ 166,28 bilhões em impostos em setembro, de acordo com dados divulgados hoje (25) pela Receita Federal. Na comparação com setembro do ano passado, houve um crescimento real de 4,07%, descontada a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O valor é o maior desde 2000, tanto para o mês de setembro quanto para o período acumulado.

No acumulado do ano, a arrecadação alcançou R$ 1,63 trilhão, representando um acréscimo pela inflação de 9,52%. Os dados sobre a arrecadação de setembro estão disponíveis no site da Receita Federal.

Quanto às receitas administradas pela Receita Federal, o valor arrecadado, em setembro, foi de R$ 159,60 bilhões, representando um acréscimo real de 2,65%, enquanto no período acumulado de janeiro a setembro a arrecadação alcançou R$ 1,53 trilhão, alta real de 7,64%.

A alta pode ser explicada, principalmente, pelo crescimento dos recolhimentos do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL), que incide sobre o lucro das empresas. Segundo a Receita, eles são importantes indicadores da atividade econômica, sobretudo o setor produtivo.

O IRPJ e a CSLL totalizaram uma arrecadação de R$ 28,42 bilhões, com crescimento real de 9,85% em relação ao mesmo mês de 2021. Esse resultado é explicado pelo acréscimo real de 13,28% na arrecadação da estimativa mensal de empresa não financeiras. Na apuração por estimativa mensal, o lucro real será apurado anualmente, sendo que a empresa está obrigada a recolher mensalmente o imposto, calculado sobre uma base estimada.

A Receita observa ainda que houve pagamentos atípicos de IRPJ e CSLL de, aproximadamente, R$ 2 bilhões, por empresas ligadas ao setor de commodities, associadas à mineração e extração e refino de combustíveis.

No acumulado do ano, o IRPJ e a CSLL totalizaram R$ 371,72 bilhões, com crescimento real de 20,48%. Esse desempenho é explicado pelos acréscimos de 82,41% na arrecadação relativa à declaração de ajuste do IRPJ e da CSLL, decorrente de fatos geradores ocorridos ao longo de 2021, e de 19,81% na arrecadação da estimativa mensal.

“Destaca-se crescimento em todas as modalidades de apuração do lucro. Além disso, houve recolhimentos atípicos da ordem de R$ 37 bilhões, especialmente por empresas ligadas à exploração de commodities, no período de janeiro a setembro deste ano, e de R$ 31 bilhões, no mesmo período de 2021”, informou a Receita.

Já as receitas extraordinárias foram compensadas pelas desonerações tributárias. Apenas em setembro, a redução de alíquotas de PIS/Confins sobre combustíveis resultou em uma desoneração de R$ 3,75 bilhões. No ano, chega a R$ 14,60 bilhões. Já a redução de alíquotas de Imposto sobre Produtos Industrializados custaram R$ 1,9 bilhão à Receita no mês passado e R$ 11,50 bilhões no acumulado de janeiro a setembro.

“Sem considerar os fatores não recorrentes, haveria um crescimento real de 9,02% na arrecadação do período acumulado e de 6,37% no mês de setembro de 2022”, informou o órgão.

Outros destaques

Outro destaque da arrecadação de setembro foi a Receita Previdenciária, que alcançou R$ 45,77 bilhões, com acréscimo real de 4,84%, em razão do aumento real de 8,50% da massa salarial. No acumulado do ano, o resultado chega a R$ 393,36 bilhões, alta real de 6,19%. Esse último item pode ser explicado pelo aumento real de 6,43% da massa salarial e pelo aumento real de 18,72% na arrecadação da contribuição previdenciária do Simples Nacional de janeiro a setembro deste ano, em relação ao mesmo período de 2021.

Além disso, houve crescimento das compensações tributárias com débitos de receita previdenciária em razão da Lei 13.670/18, que vedou a utilização de créditos tributários para a compensação de débitos de estimativas mensais do IRPJ e da CSLL.

O Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (IRRF) – Rendimentos de Capital teve arrecadação de R$ 6,73 bilhões no mês passado, com acréscimo real de 86,41%. De janeiro a setembro, o valor chega a R$ 62,58 bilhões, alta real de 62,80%. Os resultados podem ser explicados em razão da alta da taxa Selic, que influenciou os recolhimentos dos rendimentos dos fundos e títulos de renda fixa.

O IRRF – Rendimentos do Trabalho apresentou uma arrecadação de R$ 13,25 bilhões em setembro, crescimento real de 6,71%.

Indicadores macroeconômicos

A Receita Federal apresentou ainda os principais indicadores macroeconômicos que ajudam a explicar o desempenho da arrecadação, tanto no mês quanto no acumulado do ano. Entre eles está a venda de serviços, com crescimento de 8% em agosto (fator gerador da arrecadação de setembro e 8,63% no ano) e a massa salarial, que mantém crescimento significativo de 17,96% no mês (17,91% no ano), em relação ao mesmo mês de 2021.

O valor em dólar das importações também cresceu 24,83% em relação a agosto do ano passado (27,10% no ano).

A produção industrial teve crescimento de 4,11% em agosto, mas apresentou queda de 1,48% no acumulado do ano, comparado ao período de janeiro a agosto de 2021. Já a venda de bens teve queda de 0,70% no mês e 1,16% no ano.

Fonte: Agência Brasil

Movimento Custo Brasil: Reforma tributária deve ser prioridade do País

Presidente do Conselho Superior do Movimento Custo Brasil e membro do Grupo de Controle da Gerdau, o empresário Jorge Gerdau Johannpeter apontou a reforma tributária como um dos principais caminhos para alavancar o desenvolvimento econômico e a redução do Custo Brasil.

Em entrevista nesta terça-feira (25), antes de sua participação na reunião-almoço Menu POA da Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA), onde falou sobre gestão, o empresário ressaltou a necessidade de o tema ser enfrentado com seriedade nos próximos anos. “A reforma tributária é prioridade número um e está atrasada pelo menos 20 anos”, disse o empresário.

Segundo ele, para avançar na questão, o País deve se basear nos modelos bem-sucedidos de outras nações. “Não precisa inventar nada, apenas pegar as seis melhores reformas do mundo e fazer a nossa, estabelecer sistemas que funcionam no mundo todo. A solução está dada”, reforçou.

Um dos grandes defensores de investimentos em capacitação para aumento da produtividade, apontado por ele como “um dos maiores problemas do Brasil competitivo”, Gerdau criticou ainda a burocracia, que tanto atrapalha o ambiente de negócios no País, e o excesso de impostos.

Também enfatizou o peso da carga tributária sobre o desenvolvimento. “O Custo Brasil está 22% acima do que deveria, representa R$ 1,5 trilhão de custo a mais por ano ao País, e dentro disso os custos tributários representam 30%.”

Entre os encargos, citou os altos custos dos que incidem sobre a energia, que, segundo ele, tem a tributação mais complexa. Para Gerdau, o avanço na reforma tributária deveria partir da tributação de Imposto sobre Valor Agregado (IVA) específico sobre o patrimônio, o consumo, e os municípios. “A equação não está sendo analisada pelo cenário global. O Imposto de Renda da Pessoa Jurídica deveria ser definido pelo patamar internacional” , enfatizou.

O empresário criticou as distorções da carga tributária nacional e comparou que, nos Estados Unidos, por exemplo, o operário recebe de volta 65% do que custa à empresa em que trabalha, enquanto que no Brasil isso não passa de 30%. “O salário do operário não pode ser instrumento arrecadatório para o Estado. E esse saneamento é extremamente necessário de ser feito para aumentar o poder de compra e a competitividade. A distorção competitiva não é sadia”, disse.
Ele fez ainda uma comparação dessa realidade: “No Brasil, precisamos ter (a Gerdau) 120 funcionários trabalhando na papelada dos impostos, nos Estados Unidos, zero. É um marasmo que tem que ser resolvido.”

Sem citar o processo eleitoral em curso, o empresário também avaliou como “insatisfatório” o avanço político da sociedade civil e a defesa de temas que influenciam na vida de todos, como é o caso do Custo Brasil. “Enquanto sociedade civil e os empresários não tomarem posições mais claras sobre o que é preciso fazer em termos de prioridades políticas e atualização desses temas, mais complexo fica tudo”.

Gerdau também opinou sobre os debates acerca da necessidade de tributação do imposto sobre lucros e dividendos – O Brasil faz parte da restrita lista de países que não tributa o pagamento de dividendos, que é a parcela de lucro das empresas distribuída aos seus respectivos acionistas. Segundo ele, o tema é complexo e terá de passar, necessariamente, pela redução do Imposto de Renda das empresas.

“Pretende-se agora tributar os dividendos, mas, para isso, precisamos retornar à formula dos padrões internacionais, com carga tributaria menor. É um impasse extremamente delicado, precisa-se reduzir o imposto da pessoa jurídica para dar uma elasticidade e a carga tributária diminuir”, concluiu.

 

Fonte: Jornal do Comércio

Melhoria da produtividade está nas mãos do Congresso

Dez entre dez economistas concordam que aumentar a produtividade é um dos principais desafios do Brasil. Há 40 anos a produtividade capenga em consequência de deficiências na educação, regras tributárias ineficientes, infraestrutura precária e economia pouco competitiva, entre outros fatores. A boa notícia é que existem dezenas de projetos no Congresso, identificados pela Fundação Dom Cabral, que poderiam acabar com as barreiras e dar impulso à produtividade, desde que haja vontade política.

No fim da década de 1970, a produtividade do trabalho no Brasil era equivalente a 45% da registrada nos EUA, segundo a Fundação Dom Cabral. Hoje, ela é cerca de 25% da americana. Desde a década de 1980, tem registrado crescimento anual pífio no país, de 0,1%, bem abaixo dos 4,1% dos 30 anos anteriores.

Houve ligeira melhora no início dos anos 2000, mas a taxa diminuiu novamente na recessão de 2014 a 2016, mostrando um crescimento tímido na saída desse período de desaceleração, para recuar mais uma vez em 2019, apesar da ligeira expansão da economia.

A pandemia teve impacto surpreendente nos números uma vez que afetou em cheio o mercado de trabalho, um dos principais indicadores para o cálculo da produtividade total dos fatores, ao lado do uso do capital. Em um primeiro momento, a produtividade até aumentou no segundo trimestre de 2020, mas desacelerou nos trimestres seguintes e recuou abaixo do nível pré-pandemia no segundo trimestre de 2022.

Para o Observatório Regis Bonelli, a produtividade aumentou no início da pandemia em consequência da retração do setor de serviços, que concentra os trabalhadores informais, menos escolarizados e menos produtivos. Trabalhadores com nível mais elevado de educação tiveram menos problemas com o emprego. Com a recuperação dos serviços, a produtividade voltou ao padrão observado anteriormente.

Enquanto o Brasil ainda tirava proveito do bônus demográfico até era possível o crescimento do PIB per capita. Mas o bônus acabou em 2018 e a renda per capita, praticamente estagnada, só poderá crescer com o aumento da produtividade, diz Silvia Matos, da FGV-Ibre, uma das coordenadoras do Observatório da Produtividade.

A situação pode ser revertida com mudanças nas regras que tolhem a produtividade. A iniciativa Imagine Brasil, da Fundação Dom Cabral, analisou 5.085 propostas do Congresso referentes a temas como inovação, política industrial e capital humano, em tese favoráveis ao aumento da produtividade. Mas concluiu que a grande maioria defende apenas interesses particulares e privilegiariam determinados setores, atividades ou regiões em detrimento de outros. A melhoria da produtividade requer ações efetivas e amplas, também concordam os economistas, que avancem na solução de entraves da infraestrutura e logística, tributação, ambiente de negócios, inovação, educação e capacitação, sustentabilidade e integração comercial.

Do total de propostas no Congresso, porém, 37 já em tramitação podem constituir uma agenda mínima de produtividade, avalia o Imagine Brasil, e poderiam ser aprovadas e implementadas rapidamente, mudando a perspectiva, com efeitos duradouros no médio e longo prazo para um conjunto amplo de atividades.

Entre elas estão a legislação que cria as debêntures de infraestrutura, aprovadas na Câmara e em análise no Senado; a ampliação do acesso ao mercado livre de energia para todos os consumidores, aprovada no Senado e aguardando instalação de comissão na Câmara; as PECs 45 e a 110 que unificam os tributos federais, estaduais e municipais, ambas em comissões na Câmara e no Senado, respectivamente; o PL de tributação de dividendos aprovado na Câmara e em revisão no Senado; o marco legal das garantias para a obtenção de crédito, aprovado na Câmara e em análise no Senado; a regulação do mercado de carbono em análise em comissão na Câmara; a alteração do marco legal das startups, em tramitação inicial no Senado.

Não deixa de ser lamentável que projetos tão importantes para o desenvolvimento tenham um curso burocrático e errático. O recente protagonismo do Congresso em frentes de interesse de seus líderes e do Executivo mostra que, quando desejam, os parlamentares conseguem levar adiante os projetos.

Fonte: Valor Econômico

Confiança cai em 23 de 29 setores industriais em outubro

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) – Resultados Setoriais caiu de forma disseminada na indústria na passagem de setembro para outubro de 2022. A confiança ficou menor em 23 de 29 setores pesquisados. A pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que as maiores quedas foram observadas nos setores Impressão e reprodução de gravações (-8,3 pontos), Produtos de borracha (-6,6 pontos) e Calçados e suas partes (-6,2 pontos).

De acordo com a pesquisa, a queda reflete, em maior medida, expectativas menos positivas para os próximos seis meses e, em menor medida, uma avaliação menos positiva das condições atuais frente aos últimos seis meses. Apesar dessa queda, empresários de todas as segmentações do setor industrial seguem confiantes.

Nas regiões, o recuo mai elevado ocorre no Centro-Oeste, que passou de 64 para 60,8 pontos entre setembro e outubro. No mesmo período, o ICEI caiu de 61,9 pontos para 58,9 pontos no Sul, de 62 pontos para 60 pontos no Sudeste e 65,4 pontos para 62,7 pontos no Norte. A menor queda ocorreu no Nordeste, onde a confiança recuou de 62,9 pontos para 61,2 pontos. O ICEI varia de 0 a 100, com linha de corte em 50 pontos. Valores acima de 50 pontos indicam confiança do empresário. Valores abaixo de 50 pontos indicam falta de confiança do empresário.

A confiança caiu em todos os portes de empresa do setor industrial, especialmente nas pequenas empresas (-3,2 pontos), seguidas das grandes (-2,2 pontos) e médias (-2,0 pontos). Apesar da queda, empresários de indústrias de todos os portes ainda demonstram confiança.

Fonte: CNI

Primeira rede privada para portos vai agilizar embarques

A BTP contratou a TIM e a Nokia para a instalação da primeira rede privativa industrial 5G da América Latina no setor portuário. Movimentando, por ano, 2 milhões de TEUs (medida equivalente a um contêiner de 6 metros), a BTP é um dos maiores terminais de contêineres do Porto de Santos. A empresa é uma joint-venture entre a APM Terminals e a Terminal Investment Limited (TIL), líderes do mercado mundial de contêineres, pertencentes aos dois maiores grupos de armadores globais – Maersk e MSC, respectivamente.

O mercado B2B é a principal aposta das operadoras e fabricantes para monetizar as redes 5G, tema que dominou debates no Futurecom. Alberto Griselli, CEO da TIM Brasil, destaca a menor latência do 5G para aplicações como câmeras inteligentes, que serão instaladas no terminal para acompanhar, em tempo real, a movimentação de contêineres. O objetivo é gerir a produtividade a partir de um centro de monitoramento.

“A baixa latência e as altas velocidade e capacidade vão contribuir para aumentar a produtividade e a eficiência logística da BTP. Será uma rede dedicada na frequência de 3,5 GHz da TIM, mas isolada e exclusiva, com ‘core’ específico para a BTP. Além disso, estamos fortalecendo a rede 4G no entorno para dar melhor cobertura a todos os trabalhadores do terminal”, esclarece Griselli.

A nova rede sem fio da BTP vai cobrir uma área de 470 mil m2 e será composta por oito células 5G em substituição a 60 hot spots de uma rede wi-fi. A proposta é que funcione de forma redundante para garantir alta disponibilidade e resiliência, conforme explica Marcelo Entreconti, diretor da Nokia Enterprise para América Latina.

Ricardo Arten, presidente da BTP, informa que a rede será utilizada para conectar equipamentos de movimentação portuária que serão eletrificados e ganharão sensores para automação remota. Isso também dará segurança aos trabalhadores, reduzindo o trânsito de pessoas na área portuária.

Ele diz que os caminhões têm um tablet, mas, quando saem da área de alcance de um hot spot wi-fi para outro, o sinal cai. Mesmo sendo por poucos segundos, impacta na eficiência operacional. “No 5G, isso vai ser eliminado. Nossas transações vão passar de 50 para 3 milissegundos. Hoje nossa comunicação é via rádio, vai passar para voz sobre IP. Estamos pensando em desenvolver startups e criar aplicações, como precificação dinâmica e buscar sinergias com outras verticais como ferrovias e o agronegócio. Nossa expectativa é iniciar a operação da nova rede em março de 2023”, anuncia Arten.

O projeto é parte do plano de investimento de R$ 3 bilhões que a empresa vai realizar como compromisso para a renovação antecipada de sua concessão, que vence em 2027 e será estendida por mais 20 anos. “Queremos aumentar nossa capacidade operacional dentro dos limites atuais do nosso terminal, que não tem mais área de expansão. A tecnologia é fundamental nesse compromisso: não temos como aumentar a capacidade a não ser com maior eficiência”, justifica o presidente da BTP.

Ele explica que a rede 5G é apenas uma pequena parte dos investimentos que incluem reforço dos berços de atracação, extensão do cais, aumento de 40% na base de equipamentos portuários e compromissos ambientais para o terminal ser livre de emissões de carbono a partir de 2032.

“Essa rede 5G privada vai aumentar a velocidade de nossas informações. Cada segundo conta muito em nossa operação. Um navio parado custa US$ 60 mil ao armador. Navio não foi feito para ficar parado, tem de sair e conectar países. Quanto mais rápida é a operação, mais eficientes somos para nossos armadores”, diz Arten.

A Nokia tem foco em refino, mineração, manufatura, portos e energia com mais de 1.500 redes de missão crítica e cerca de 500 redes privativas 4G e 5G implementadas no mundo. Para Entreconti, a tecnologia é só um habilitador; é preciso desenvolver os casos de uso. “O 5G é a quinta geração para nós, mas a primeira para a BTP, pioneira em rede privativa 5G da América Latina. Além da segurança e da redução do tempo do navio parado no porto, o projeto vai contribuir para redução do consumo energético”, diz o diretor da Nokia.

Já a TIM elegeu os setores de agronegócio e de logística e, em breve, serão anunciadas outros projetos para monetizar o 5G com conectividade e criação de um ecossistema de inovação. Griselli diz que há muito interesse no mercado. “Cada setor exige, inicialmente, a cobertura, depois desenvolvemos casos de uso e monetizamos a rede com a combinação desses dois elementos. O projeto com a BTP pode evoluir para coinovação e codesenvolvimento de soluções”, projeta o CEO da TIM.

Fonte: Valor Econômico