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Quem é Javier Milei, o novo presidente da Argentina

Libertário venceu a disputa com Sergio Massa no segundo turno e estará no comando da Casa Rosada até 2027

 

O libertário virou o jogo contra Sergio Massa, seu oponente, após ficar em segundo lugar no primeiro turno. Em 10 de dezembro, ele assume a Casa Rosada, que estará sob seu comando por quatro anos.

Quem é Javier Milei

Nascido no bairro de Palermo, em Buenos Aires, em 22 de outubro de 1970, Milei teve uma infância marcada por momentos polêmicos em família, que ele mesmo reconheceu em um programa do canal argentino “Telefé”.

Embora o relacionamento com seus pais não fosse bom, Milei encontrou apoio em sua irmã.

O economista reconhece que Karina Milei é a pessoa que melhor o conhece e é “a grande arquiteta” de seus acontecimentos políticos. Milei disse a diferentes meios de comunicação que, caso se torne presidente, ela desempenhará o papel de primeira-dama.

O jornalista Juan Luis González é um dos pesquisadores da biografia não autorizada do economista, intitulada “El Loco”. À CNN, ele declarou que a passagem de Javier Milei pelo Colégio Cardenal Copello, em Villa Devoto, foi marcada por bullying.

Para a elaboração do livro, o autor garante que conversou com os colegas de escola do candidato à Presidência e todos concordaram com a memória de um menino retraído e calado e que era alvo de piadas constantes.

VÍDEO – Vitória de Milei acende expectativa de retomada da direita nos EUA e no Brasil

Ligação com o futebol

Nos anos 1980, Milei tentava ser goleiro nas categorias de base do clube de futebol argentino Chacarita Juniors. “Não sou torcedor do Chacarita, mas passei a fazer parte do time profissional em 1989”, confessou o economista em entrevista à rádio “Urbana Play FM”, de Buenos Aires.

E quando se trata de futebol, outra informação aparece: Milei passou de ter um camarote e uma estrela no Museo de la Pasión Boquense, do Boca Juniors, a um torcedor favorável a que o River Plate ganhasse a final da Copa Libertadores de 2018, disputada entre os dois rivais.

Segundo ele, sua paixão pelo tradicional clube de Buenos Aires arrefeceu com a aposentadoria do atacante Martín Palermo, em 2011, e por discordar de decisões do ex-presidente Daniel Angelici.

Javier Milei e Victoria Villarruel, candidatos à Presidência e Vice-Presidência da Argentina

Javier Milei e Victoria Villarruel, novos presidente e vice-presidente da Argentina / Reprodução/Instagram

Corrida presidencial

A partir de 2018, a ascensão de Milei surgiu nos principais meios de comunicação argentinos, com a divulgação de seu discurso “liberal libertário”, como costuma chamar.

O grande salto em sua carreira política veio em 2020, quando anunciou sua candidatura à Presidência nas eleições de 2023.

Esse passo abriu caminho para que sua coligação, La Libertad Avanza, conquistasse duas cadeiras na Câmara dos Deputados no ano seguinte, ocupados por ele e por sua candidata à vice-presidência, Victoria Villarruel.

Suas principais propostas de campanha são a dolarização da economia argentina em etapas, a redução dos gastos estatais e a privatização de empresas públicas.

No plano trabalhista, ele propõe o fim das verbas rescisórias para reduzir os custos trabalhistas, mas duas das propostas que mais geraram polêmica encontram-se na esfera de segurança: a desregulamentação do porte de armas e a militarização das prisões.

*Publicado por Marina Toledo

Governo Lula deve propor mudança na Lei das Estatais

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está preparando um substitutivo para alterar a Lei das Estatais e flexibilizar os requisitos para o ingresso nos cargos executivos e a participação remunerada nos conselhos de administração.

De acordo com o jornal Valor Econômico, o substitutivo, a ser apresentado no Senado (onde já tramita proposta aprovada na Câmara no fim do ano passado), está sendo redigido pela Secretaria de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, com a participação da Advocacia-Geral da União (AGU). Os detalhes da proposta não são conhecidos.

Com a alteração das regras, Lula poderia nomear quase 600 aliados nas estatais do país, por indicação política. Hoje, a Lei das Estatais (Lei 13.303/2016) impede de assumir cargos nas empresas públicas e autarquias pessoas que nos últimos três anos atuaram na cúpula de partidos políticos ou na realização de campanhas eleitorais.

A norma também proíbe que ocupantes de cargos políticos, como ministros, deputados ou secretários estaduais, e de cargos comissionados ocupem posições nos conselhos de administração das estatais.

No fim do ano passado, a Câmara, em votação relâmpago, aprovou o Projeto 2.896/2022, que diminui o período de quarentena de três anos para 30 dias.

A medida foi vista pelo mercado como uma manobra para permitir que Aloizio Mercadante assuma o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e ações de estatais, como a Petrobras e o Banco do Brasil, tiveram forte queda na Bolsa de Valores.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), diante da polêmica, não colocou o projeto em pauta. Caso a proposta a ser enviada pelo governo seja aprovada no Senado, voltaria à Câmara. A expectativa é que a matéria seria aprovada com relativa folga, já que a mudança permitiria que parlamentares, por exemplo, fossem nomeados para os conselhos de administração, que têm mais de 300 postos nas estatais do país. Entre os cargos executivos, são mais de 270.

O PCdoB, partido da base de Lula, ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma ação para que seja declarada a inconstitucionalidade dos dispositivos da Lei das Estatais que vedam a indicação de políticos para as empresas públicas dos país.

Fonte: Revista Oeste

Comércio exterior: Será preciso esperar por mais detalhes para saber que rumos o BNDES pode trilhar

Governo e banco terão que fazer escolhas no comércio exterior

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, anunciou ontem que o governo lançará um programa de apoio à exportação via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Alckmin não deu detalhes, mas o banco terá que fazer escolhas.

O BNDES trabalha, historicamente, com duas ferramentas de apoio à exportação. Uma é o pré-embarque, que financia a produção do bem a ser exportado. Nesse mecanismo, o exportador tem compromisso de embarcar o produto em até dois anos. A outra modalidade é o pós-embarque, que financia o importador e envolve apoio a bens e serviços.

Desde 2016, no governo Temer, o banco vem priorizando o pré-embarque e o pós-embarque de bens. O maior cliente é a Embraer. A cada aeronave exportada financiada pelo BNDES a fabricante brasileira recebe o dinheiro do banco e quem fica como devedor é o importador. São normalmente companhias nos Estados Unidos e na Europa, cujo risco de crédito é menor.

A linha de pós-embarque para serviços, em especial os de engenharia, foi descontinuada na esteira das investigações que recaíram sobre as empreiteiras na Lava-Jato.

O apoio à exportação de serviços de engenharia foi suspenso em maio de 2016. Na ocasião, os desembolsos do BNDES para 25 projetos da área contratados, os quais somavam US$ 7 bilhões, foram interrompidos. A suspensão foi motivada por avaliação de risco de crédito e não por irregularidades.

A partir dali não houve mais apoio oficial à exportação de serviços de engenharia via BNDES. Nesse tipo de operação faz sentido vender um “pacote” em que o exportador financia bens e serviços e muitos países, inclusive desenvolvidos, seguem essa prática.

Mas no Brasil, depois do que aconteceu com as empreiteiras, retomar esse tipo de apoio pode ser complexo. Exigirá diálogo e alinhamento com órgãos de controle como o Tribunal de Contas da União (TCU). E falar em exportação de serviços não envolve somente a engenharia de construção civil. Pode incluir, por exemplo, engenharia de serviços aeronáuticos.

Especialistas dizem que seria importante o governo pensar em um novo sistema de apoio público às exportações. No governo Bolsonaro, houve um debate sobre o tema envolvendo os ministérios da Economia, Relações Exteriores e Defesa. Embora tenham sido preparados relatórios técnicos, o tema não evoluiu.

Se o banco optar por dar crédito mais barato para a exportação, terá que compensar a medida em outros setores, que terão taxas maiores, na avaliação de especialistas. A não ser que o BNDES vá implementar uma política geral de subsídios, o que não parece ser o caso pelas primeiras manifestações do futuro presidente do banco, Aloizio Mercadante, que vem dizendo que não há mais espaço para esse tipo de prática. O que pode ocorrer são incentivos a setores específicos como economia verde e energia renovável.

No governo Bolsonaro, o BNDES teve uma gestão mais alinhada ao mercado e menos intervencionista na economia. Na exportação do setor aeronáutico, por exemplo, usou o balanço do próprio banco e seguradoras privadas para apoiar as vendas da Embraer. Foi uma forma de não ficar dependente do seguro público de exportação.

Isso é mais fácil de fazer quando se exporta aviões para EUA ou Europa, mas há gargalos a serem enfrentados se o país quiser exportar mais manufaturados para países da América Latina e África, onde o risco de crédito é maior. Nesses mercados pode haver mais espaço para atuação de apoio governamental, mas com critérios técnicos e prudenciais. Também há campo, na visão de especialistas, para apoio à exportação de produtos de defesa.

Alckmin disse que o BNDES pode buscar recursos no exterior, a custo menor, e ajudar a financiar a exportação. No fim de 2022, o banco reduziu as taxas do pré-embarque via queda dos “spreads”, sem subsídios. Diferente do período do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), nas gestões petistas anteriores, quando houve subsídios explícitos nos financiamentos do BNDES. Agora será preciso esperar por mais detalhes.

Comércio entre Brasil e Estados Unidos alcança US$ 88,7 bilhões e bate recorde em 2022

As trocas comerciais entre o Brasil e os Estados Unidos em 2022 atingiram o patamar histórico de US$ 88,7 bilhões. Análise inédita do Monitor de Comércio Brasil-EUA da Amcham indica que o valor superou em US$ 18,2 bilhões (25,8%) o recorde anterior estabelecido em 2021.

O relatório aponta a ocorrência de valores recordes nas exportações e nas importações brasileiras em relação aos Estados Unidos, com crescimento em grande parte dos produtos mais importantes da pauta.

“Os resultados sem precedentes em todos os principais indicadores do comércio bilateral revelam o momento de forte dinamismo das relações econômicas entre os dois países, bem como o aumento da relevância dos Estados Unidos para o comércio exterior brasileiro”, afirma Abrão Neto, novo CEO da Amcham Brasil, entidade que reúne cerca de 4.000 empresas.

O Monitor mostra que o comércio bilateral teve desempenho acima da média do comércio exterior brasileiro. O crescimento das exportações do Brasil para o mundo foi de 19,3% enquanto para os Estados Unidos foi de 20,2%. Já o aumento das importações totais brasileiras foi de 24,3% enquanto o das compras vindas dos Estados Unidos foi de 30,3%. Com isso, a participação norte-americana na corrente do Brasil subiu para 14,6%, atingindo o nível mais elevado desde o início da pandemia.

“Para 2023, projetamos uma certa estabilidade nos fluxos bilaterais, com valores próximos aos recordes do ano passado. Há oportunidades importantes para ambos os países, como na economia verde e cadeias de suprimentos. No entanto,  será essencial acompanhar a evolução do cenário econômico e geopolítico mundial, que segue volúvel e poderá mudar essas expectativas”, complementa Abrão Neto.

Em 2022, as importações brasileiras de origem norte-americana alcançaram o recorde de US$51,3 bilhões, incremento de 30,3% sobre o ano anterior. O aumento médio dos preços de 35,6% explica em grande parte esse crescimento, sobretudo para fertilizantes, combustíveis e carvão.

Por sua vez, as exportações do Brasil para os Estados Unidos saltaram 20,2% em relação a 2021, atingindo o valor inédito de US$ 37,4 bilhões, puxado tanto pelo aumento de preços como pelo crescimento do volume das exportações, que ocorreu em 7 dos 10 principais itens embarcados para os Estados Unidos.

Apesar do valor histórico da corrente bilateral, o Brasil acumulou um saldo negativo também sem precedentes de US$ 13,9 bilhões, quase 70% maior que em 2021.

Exportações brasileiras superam importações em quase US$ 62 bilhões em 2022
A expectativa para este ano, no entanto, é de redução do superávit no país, segundo a FGV

O valor total exportado pelo Brasil no último ano cresceu 19,1%, enquanto o valor importado foi 24,3% maior do que o registrado em 2021. Ainda assim, a balança comercial do país encerrou o ano superavitária em US$ 61,8 bilhões, em patamar levemente (0,6%) superior aos US$ 61,4 bilhões de 2021. A expectativa para este ano, no entanto, é de redução do superávit, a menos que uma recuperação da demanda na China puxe as exportações da indústria extrativista, especialmente do minério de ferro.

Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), no Indicador de Comércio Externo (Icomex).

Segundo a instituição, o saldo da balança comercial brasileira nos meses de novembro e dezembro surpreendeu com a melhora das vendas para a China, com destaque para as exportações agropecuárias. A queda de oferta ajudou a sustentar os resultados do setor, com a elevação dos preços. O setor contribuiu positivamente para a balança comercial, com o saldo passando de US$ 46,5 bilhões para US$ 65,8 bilhões.

Já o superávit da indústria extrativa caiu de US$ 63 bilhões em 2021 para US$ 45,5 bilhões em 2022, e o setor foi responsável por 22,8% das exportações do país.

E a indústria de transformação ampliou o déficit de US$ 45,3 bilhões para US$ 48,5 bilhões, respondendo por 55,7% das exportações brasileiras.

“As restrições da oferta agrícola associadas à guerra na Ucrânia e questões climáticas elevaram os preços agrícolas, pois o aumento no volume exportado foi 2,6% menor do que o da indústria de transformação. Na extrativa, preços e volume das exportações recuaram com o desempenho do minério de ferro desfavorável. O déficit na indústria de transformação é recorrente na balança comercial do Brasil desde 2009”, informou a FGV/Ibre.

Por setor, a agropecuária teve alta de 34% nos preços e o volume cresceu 2,6%. Na indústria de transformação, os preços subiram 15,7% e o volume, 8%. Na indústria extrativa, a queda registrada foi de 3,6% no preço e de 0,4% no volume.

A soja permanece como o principal produto exportado pelo Brasil, seguida do petróleo bruto e do minério de ferro, nesta ordem, apesar das vendas do grão terem recuado em 35,3% com queda no preço e no volume.

Cenário mundial

Para 2023, o instituto projeta um menor crescimento da economia mundial, e taxa de expansão do Brasil abaixo de 1%, com redução tanto nas exportações como nas importações.

Globalmente, o cenário deve ser impactado positivamente pelo relaxamento da política “covid zero” na China, que projeta crescimento de 5% em 2023. Na União Europeia, a crise energética pode levar a um menor crescimento.

“O preço do petróleo irá continuar sendo afetado pelas questões geopolíticas e a recuperação das exportações da [indústria] extrativa depende também da recuperação das vendas de minério de ferro para a China. No caso das manufaturas, a crise da Argentina não favorece o aumento das exportações de maior valor adicionado do setor automotivo. Numa primeira leitura, o saldo comercial de 2023 deverá ser menor que o de 2022”, destacou a FGV/Ibre.

Resultados de 2022

A principal contribuição para o aumento dos volumes movimentados pela balança comercial brasileira foi a variação de preços, com aumento de 13,7% para as exportações e de 21% nas importações na comparação de 2022 em relação a 2021. Em volume, a exportação cresceu 4,4%, e a importação subiu 2,7%.

A participação das commodities nas exportações se manteve no ano, com 68% do valor total, mas aumento de 13,9% dos preços e de 4,4% do volume. As não commodities variaram 13,5% em valores e 4,7% no volume.

Nas importações, as commodities passaram de 8,5% para 11,7% na participação do valor, com o crescimento dos preços de 47,9% entre 2021 e 2022. Em volume, o aumento foi de 15,3%. Para as não commodities, as variações foram de 18,3% nos preços e 1,4% no volume.

Segundo o instituto, o aumento de preços das importações de commodities foi o maior registrado na série histórica, iniciada em 2008.

“A guerra na Ucrânia, os efeitos climáticos nas lavouras e os gargalos herdados e ainda não totalmente superados da covid 19 explicam o aumento nos preços das importações, o que impactou a inflação mundial e do Brasil”, explicou a FGV/Ibre.

Mercados

Com relação a mercados com os quais o Brasil mantém relações comerciais, o superávit com a China teve queda de US$ 11,3 bilhões na comparação com o ano anterior. O déficit com os Estados Unidos aumentou em US$ 5,7 bilhões. Com isso, esses dois países contribuíram para uma queda de US$ 17 bilhões no saldo comercial de um ano passa o outro.

Houve aumento de volume exportado para todos os mercados, exceto a China, que anotou queda de 2,8%, afetada pela diminuição no minério de ferro. Já a carne bovina teve aumento de 81% nas exportações para a China.

Com relação à Argentina, o agravamento da crise no país e as restrições cambiais levaram a uma redução de 22,1%. Já para a União Europeia, houve crescimento das exportações de 15,8% na comparação anual.

Em volume de importações, a China cresceu 12,6%, e a União Europeia, 3,8%. Quanto a preços de importações, os Estados Unidos avançaram 33,1%, União Europeia, 19,6%, Argentina, 16,9% e China teve alta de 13,6%.

Com agências de notícias (Valor e IPESI)

Fonte: Infomet

Anvisa autoriza farmácias a vender remédio para Covid

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a mudança do medicamento Lagevrio (molnupiravir), de uso emergencial, para ser vendido em farmácias e hospitais particulares em todo o Brasil. A ideia é facilitar o tratamento da Covid-19 para níveis leves a moderados da doença em adultos, inclusive nos que estão com risco de hospitalização ou morte.

Essa é uma medida para começar a conter a circulação das novas subvariantes da ômicron, que tem aumentado a quantidade de casos da doença ocasionando um cenário epidemiológico de atenção. A mudança do uso do medicamento foi aprovada na última quinta-feira, dia em que o país registrou 48.404 novos casos de Covid-19 e 191 óbitos, de acordo com o Painel Coronavírus do Ministério da Saúde.

“Para ajudar a prevenir a progressão da doença, internações hospitalares e mortes, os medicamentos antivirais para infecções respiratórias agudas devem ser usados o mais cedo possível após o correto diagnóstico da infecção”, explicou a diretora do colegiado da Anvisa e relatora do pedido, Meiruze Freitas.

Pesou na decisão da agência os resultados da utilização do medicamento em países que obtém a autoridade internacional em saúde. No entanto, Meiruze ressalta que o produto não substitui a vacina. “Reafirmo e enfatizo que os benefícios esmagadores da vacinação na proteção contra as formas graves e óbitos ocasionados pela Covid-19, os quais superam em muito o risco das raras reações adversas relacionadas a vacinas aprovadas pela Anvisa.”

O medicamento deve ser administrado assim que sair o resultado positivo para Covid-19 e a avaliação médica. O tratamento deve ser feito via oral, a cada 12 horas, por cinco dias após os primeiros sintomas surgirem. As cápsulas devem ser tomadas com ou sem alimentos. O remédio só pode ser usado por maiores de 18 anos, não gestantes e que não estejam hospitalizadas por causa do vírus. (Tainá Andrade, do Correio Braziliense)

Fonte: Diário de Pernambuco

China voltará a ser atraente para investimentos, mas reabertura só no 3T23

A reabertura econômica da China segue indefinida e, diante disso, o BTG Pactual (BPAC11) permanece sem alocação tática direta no país momentaneamente. Segundo o banco, a abertura deve acontecer apenas no terceiro trimestre de 2023 – mas acredita que o país voltará a ser ‘investível’, com destaque para os ativos de commodities como Gerdau (GGBR3), Vale (VALE3) e Suzano (SUZB3).

No relatório “Reabertura da China”, divulgado na última terça-feira (13), os analistas Álvaro Frasson, Arthur Mota, Leonardo Paiva e Luiza Paparounis apontam que, no cenário mais provável, a reabertura da China só ganhará tração no segundo trimestre de 2023. Será o momento em que devem ocorrer as reuniões anuais do Congresso Nacional do Povo e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês.

“A reabertura da China após essas mudanças tornou-se o grande tema de mercado para definição de posicionamento de risco, em conjunto com as decisões de política monetária pelos principais Bancos Centrais,” diz o relatório.

Desta forma, o BTG projeta que o PIB da China terá uma alta de 4,85% no próximo ano. Apesar disso, o setor imobiliário chinês — que tem a expectativa de novos investimentos — pode ter dificuldades a curto prazo, com possíveis quedas no volume de vendas. Segundo os analistas, as fontes de financiamento “ainda estão travadas”.

Ao longo dos próximos meses, com a percepção de que o pior ficou para trás, entendemos que o mercado chinês voltará a ser ‘investível’ para os alocadores globais, mas ainda demandará seletividade.

Ainda segundo o documento, o plano quinquenal do governo chinês reforça “teses de longo prazo focados no consumo interno e na indústria de alta intensidade tecnologia”. Desta forma, haverá menos espaço para empresas tecnológicas, ativos usuais em índices listados nas bolsas ocidentais.

Por outro lado, a projeção favorece os papéis de commodities e os analistas acreditam que um piso já pode estar se formando no próximo ano. “Em termos de picking [estratégia de comprar ações por um preço menor e vender quando elas se valorizam] preferimos Gerdau, Vale e Suzano, além de terem incorporado algumas dessas teses em suas carteiras.”, destaca o relatório “Reabertura da China” do BTG Pactual.

Fonte: Suno

BNDES alcança US$ 100 bi em crédito para exportação propondo ajustes para emprestar mais

Ao chegar a cerca de US$ 100 bilhões emprestados para financiar asexportações de bens e serviços de empresas brasileiras, em 30 anos de atuação como agência nacional de crédito à exportação, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) agora trabalha na reformulação de políticas e condições para essa finalidade. A ideia é deixar para a futura gestão do banco, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), novas regras de crédito, com o objetivo de assumir mais riscos.

Com isso, sem mexer no arcabouço de políticas que dependam do governo federal, como a garantia soberana oferecida pela União, por meio do Fundo Garantidor das Exportações (FGE), o BNDES quer emprestar mais ao comércio exterior, explica o diretor de Crédito Produtivo e Socioambiental, Bruno Aranha. O executivo fará uma apresentação sobre os planos de mudança no BNDES Day, evento organizado pela instituição de fomento, na quarta, 7, e na quinta-feira, 8, como parte das comemorações dos 70 anos do banco.

Recentemente, os desembolsos do BNDES Exim, linha para financiar as exportações, vêm em trajetória descendente. Somaram R$ 2,567 bilhões em 2021, queda nominal (sem descontar a inflação), de 56,7% ante 2020. Os R$ 2,115 bilhões liberados de janeiro a setembro estão 22% acima do valor do mesmo período de 2021, mas as aprovações estão em queda. Uma série estatística mais longa, recortada apenas com a modalidade Pós-Embarque do BNDES Exim, mostra que, em 2021, os desembolsos somaram US$ 423,7 milhões, queda nominal de 45,9% ante 2020. Entre 2011 e 2014, os valores anuais oscilaram entre US$ 2 bilhões e US$ 2,7 bilhões.

A atuação do BNDES como agência nacional de financiamento às exportações entrou na berlinda por causa dos empréstimos bilionários para obras públicas em países da América Latina e da África, tocadas por grandes empreiteiras brasileiras envolvidas em casos de corrupção. Objeto de críticas de economistas e alvo de ataques em campanhas eleitorais, essas operações ganharam destaque acima do seu peso. A maior parte do crédito financia exportações de manufaturados para os vizinhos da América Latina e para os Estados Unidos, mercados onde a indústria brasileira tem mais competitividade.

Embraer é estrela nas operações de exportação

Dos US$ 100 bilhões emprestados no acumulado de décadas, os financiamentos para obras no exterior respondem por US$ 10,5 bilhões. Em torno de US$ 1 bilhão está registrado como calote de Venezuela, Cuba e Moçambique. Angola foi o país que mais tomou empréstimos, sem atrasos de pagamento. O BNDES ainda tem US$ 946 milhões a receber. Em torno de um quarto dos valores emprestados para financiar exportações, cerca de US$ 25 bilhões, foram para a fabricante de aviões Embraer.

Por isso, a empresa – criada como estatal, privatizada nos anos 1990, na qual o BNDES possui uma participação acionária minoritária – é a segunda maior cliente histórica do banco de fomento, atrás apenas da Petrobras. A maior parte das operações com a Embraer financia a compra das aeronaves pelos clientes da empresa. Assim como ocorre atualmente nas concessionárias de automóveis, faz parte do jogo global do setor aeronáutico e da estratégia das empresas oferecer o financiamento ao vender os aviões e, quando a venda é para o exterior, com apoio da agência de financiamento dos governos.

Na prática, sem o BNDES, a Embraer não teria despontado como competidora relevante na aviação regional. O banco de fomento já financiou a venda de 1.275 aeronaves fabricadas pela empresa, disse Aranha. O acesso ao empréstimo pode ser decisivo para uma companhia aérea decidir entre comprar o jato fabricado pela brasileira ou pela canadense Bombardier, sua principal concorrente, que combinou parte de seus negócios com a AirBus.

“É comum as agências de financiamento às exportações apoiarem suas empresas correlacionadas. É natural, e fazemos a mesma coisa. Não precisamos nem dizer da importância da Embraer, em termos de nível de empregos qualificados e exportação de alto valor agregado”, disse Aranha.

No Brasil, historicamente, o papel de agente de financiamento das exportações começou com o Banco do Brasil (BB). Nos anos 1990, o BNDES passou a atuar também. Atualmente, os dois bancos públicos dividem os trabalhos. O BB é agente financeiro do Programa de Financiamento às Exportações (Proex), que tem recursos do Tesouro Nacional e acaba atendendo empresas de menor porte. O BNDES, com recursos oriundos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), fica com as empresas de maior porte e com as operações mais complexas, como aviões.

Alta tecnologia

Segundo Aranha, equipamentos de alta de tecnologia estão entre os focos das mudanças nas quais trabalham sua equipe. Na semana passada, o BNDES aprovou um empréstimo de R$ 62 milhões para a Romi, que investirá na produção de maquinário de usinagem de alto desempenho destinados à exportação.

A modalidade da linha BNDES Exim usada pela Romi está com condições especiais, disse Aranha. O “spread” básico do banco de fomento nesses empréstimos é 0,8% – a ser acrescido do custo de captação, normalmente a TLP, taxa básica do BNDES, que segue as taxas de títulos públicos de cinco anos, e da taxa de risco –, mas ficará rebaixado para 0,5% até 31 de dezembro. Desde que anunciou a redução para os clientes, o banco já aprovou R$ 400 milhões em operações semelhantes à da Romi, e novos empréstimos deverão sair até o prazo final, informou Aranha.

Para o financiamento de aeronaves, as mudanças nas quais o BNDES trabalha incluem flexibilizar as análises de risco – dentro das regras de prudência bancária, para ampliar os limites financeiros dos clientes da Embraer, de bancos e seguradoras envolvidos – e buscar seguros privados de crédito. Experimentos foram feitos em empréstimos à companhia aérea americana Skywest. Em janeiro de 2021, o banco de fomento aprovou R$ 450 milhões para a exportação de quatro jatos. Em outubro passado, foram mais R$ 650 milhões, para seis aeronaves. Nos dois casos, o seguro de crédito foi concedido pelo AFIC, consórcio americano de seguradoras privadas.

Aranha afirma que essa diversificação é importante para que a atuação do BNDES no financiamento às exportações possa crescer independentemente da disponibilidade de gastos públicos do governo federal. Isso porque o Seguro de Crédito à Exportação (SCE) público é custeado com recursos do FGE, que dependem do Orçamento e da aprovação do Congresso Nacional.

Os sistemas de cada país para o financiamento das exportações costumam ter instrumentos de seguro de crédito custeados com recursos públicos. Eles são necessários, principalmente, quando o cliente da exportação é um governo – é o caso das obras públicas de infraestrutura e dos investimentos em defesa. Para vendas comerciais de jatos da Embraer para companhias aéreas privadas americanas, é possível recorrer a seguros privados de crédito, mas é difícil escapar do SCE do FGE quando a fabricante brasileira vende Super Tucanos para as forças aéreas de outros países.

Nos próximos passos das mudanças que Aranha quer deixar para a próxima diretoria, que ainda precisarão passar por operações experimentais, está ainda o desenvolvimento de um seguro de crédito do próprio BNDES. Nesse caso, a ideia é que o banco de fomento entre apenas com a garantia do empréstimo, que pode ser tomado com outra instituição financeira. Outra novidade que o BNDES quer oferecer, conforme o diretor, são os diferentes tipos de seguros associados aos contratos de exportação, como os contra atrasos na entrega.

Fonte: Estadão

Entrevista com José Veloso: Expectativa de juros elevados em 2023 preocupa empresários

A perspectiva da manutenção de juros em alta no próximo ano preocupa empresários pelo impacto direto nos investimentos no Brasil. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve em 25 de outubro a taxa básica em 13,75%. O mercado avalia que o risco fiscal adia o movimento de queda e não descarta até um futuro aumento da Selic. Em entrevista á Jovem Pan News, o presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimac), José Veloso, afirmou que, após dois anos positivos, a indústria de bens de capital deve retrair a atividade econômica: “Nós não estamos esperando um grande crescimento da indústria. Estamos com um número de crescimento da indústria entorno de 0,5%, o PIB deve crescer acima de 1,5%, até 1.8%, em função da ajuda emergencial, os R$ 175 bilhões na economia já dão uma puxada no PIB, queda da inflação e o aumento das pessoas empregadas. Esse aumento de renda vai dar uma puxada no PIB”.

“No entanto, no investimento e na indústria a gente ainda está um pouco pessimista. Imaginamos que a indústria como um todo não deve crescer mais de 0,5% e a indústria de máquinas e equipamentos deve andar de lado no ano de 2023, até porque os juros são muito altos e quem faz investimentos quer um juros competitivo compatível com o retorno que o investimento vai trazer para a empresa”, explicou. O Copom do Banco Central deve analisar ainda em dezembro se manterá a Selic em 13,75%, a maior aposta é justamente pela manutenção. Este é o maior patamar desde janeiro de 2017, após doze altas consecutivas.

Veloso também ressaltou que é unânime para a indústria e para o próprio país a urgência das reformas estruturais na agenda do futuro governo: “Nós vamos continuar defendendo as reformas. Nós tivemos no governo Temer a reforma trabalhista, neste governo que está se encerrando a reforma da previdência. Mas a gente acredita que precisamos da reforma tributária. Nós precisamos desonerar os investimentos e as exportações, ter um sistema mais simples. Também precisamos da reforma administrativa. O Estado precisa diminuir de tamanho, seja nos executivos, federal, estadual e municipal, no legislativo e também no judiciário. A gente defende uma reforma administrativa que diminua o peso do Estado para os brasileiros e empresários”.

Assista abaixo a entrevista na íntegra:

Fonte: JP News

O primeiro escândalo do governo Lula

(J.R. Guzzo, publicado no jornal Gazeta do Povo em 5 de dezembro de 2022)

Congresso Nacional começa a votar esta semana o primeiro escândalo de grande porte do governo Lula — o assalto, direto na veia, de até R$ 200 bilhões em dinheiro público. O pretexto, mais uma vez, é de quinta categoria: o governo, dizem Lula, o PT e bonde que vem com eles, precisa desta montanha de dinheiro vivo para pagar gastos com “programas sociais” e investir no “desenvolvimento”. É um disparate. O Brasil vai arrecadar em 2022 cerca de R$ 2 trilhões, só em impostos federais; Lula acha que isso é pouco, e quer R% 200 bi a mais, já no primeiro ano do seu governo. E depois? Depois, nem o céu é o limite.

O novo governo nem começou e já se joga de cabeça naquilo que realmente sempre interessou aos seus donos — o Erário público, da União e das empresas estatais, que hoje têm mais dinheiro em caixa do que nunca. Houve, nos últimos anos e nos meses da campanha eleitoral, uma operação sem precedentes, em sua violência e grosseria na violação das leis, para levar Lula de volta à Presidência da República. Falou-se de tudo: salvar Brasil do “fascismo”, necessidade de defender a “democracia”, preservar a “Amazônia”, impedir o assassínio em massa de “índios”, “negros”, “gays” e “mulheres” — qualquer coisa, enfim, que mostrasse que grande solução para os problemas do Brasil seria colocar na Presidência um condenado pelos crimes de corrupção e de lavagem de dinheiro. Por conta disso, o sistema STF-TSE impôs à população as eleições mais viciadas, obscuras e facciosas da história eleitoral do país — e a 3 de novembro declarou que o seu candidato tinha ganhado. Mal a eleição terminou, fica escancarado o que os vencedores queriam, de fato, com essa encenação toda — meter a mão nos cofres sem fundo do governo federal.

Esses R$ 200 bilhões, e sabe Deus quantos mais, não irão para os pobres e nem para programas de investimento tocados com dinheiro público. Os pobres continuarão a receber o que recebem hoje com o Auxílio Brasil, que vem sendo pago dentro do Orçamento e outros recursos da União.  Não há programa de “investimento” absolutamente nenhum — tudo o que dizem, sem citar qualquer projeto de verdade, é que vão colocar dinheiro na “educação”, na “saúde”, na “cultura”, no Ministério do Índio e em outras fumaças do mesmo tipo. A única coisa certa é que vão gastar o dinheiro dos impostos para beneficiar a si próprios, os amigos e os amigos dos amigos.

Revista Oeste

Aço Brasil confirma ano favorável para o setor em 2022

O consumo aparente de aço no Brasil atingirá 23,3 milhões de toneladas em 2022, e as vendas internas chegarão a 20,2 milhões de toneladas, projeta o Instituto Aço Brasil. Já a produção deverá fechar o ano em 34,6 milhões de toneladas. Tais resultados fazem do período o quarto melhor da década para o setor, ainda que o efeito estatístico sobre a comparação com 2021, ano extremamente atípico, indique recuo percentual nos indicadores de desempenho.

Na comparação com 2019, ano pré-pandemia, o consumo aparente em 2022 cresceu 12,5% e as vendas internas, 9,5%.

Depois da crise de demanda verificada em 2020, quando as vendas internas e consumo aparente desabaram no auge da pandemia da Covid-19, a indústria do aço havia registrado em 2021 alta de 22,8% e 14,6% nos indicadores, respectivamente. A retomada acentuada, após um período de choque, refletiu movimento de recomposição de estoques pelos clientes da indústria depois do período crítico. Em relação a essa base de comparação circunstancialmente elevada, o desempenho de 2022 representa uma queda de 11,4% no consumo aparente e de 9,5% nas vendas internas.

“Os resultados atingidos em 2022 são bastante positivos e mostram a força da indústria do aço e sua capacidade de reagir e percorrer sua trajetória de crescimento. Se desconsiderarmos 2021 e seus efeitos pós-pandemia, observam-se em 2022 os melhores resultados em vendas internas em seis anos, superiores à média da década, de 19,8 milhões de toneladas”, diz Jefferson de Paula, presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil.

As exportações deverão alcançar 12,3 milhões de toneladas, o que representa um avanço de 12,3% frente a 2021. As importações, por outro lado, deverão recuar 34,1%, para 3,3 milhões de toneladas.

PROJEÇÕES 2023

Para 2023, a previsão do Aço Brasil para a indústria do aço é de crescimento de 1,9% nas vendas internas e 1,5% no consumo aparente.

A produção de aço bruto deverá crescer 2%. Para as exportações, é previsto avanço de 2,1% e, para as importações, de 2,3%.

Fonte: IABr – Instituto Aço Brasil

Juro e migração do consumo para serviços seguram a indústria de transformação

Com avanço de 0,8% no terceiro trimestre contra os três meses anteriores, com ajuste sazonal, o PIB da indústria total surpreendeu positivamente. O crescimento, porém, foi puxado pela construção, que avançou 1,1% na mesma comparação. Sob impacto de alta de juros, deslocamento do consumo para serviços e desaceleração da economia global a indústria da transformação ficou praticamente estável, com alta de apenas 0,1%.

Também sob efeito da demanda externa, a indústria extrativa recuou 0,1%. Quarto segmento que compõe a indústria no PIB, a produção e distribuição de energia, gás e água cresceu 0,6%. Economistas esperam que o efeito da política monetária apertada e do cenário global desfavorável se dissemine mais entre os segmentos industriais no último trimestre do ano.

Apesar da boa surpresa da indústria total no PIB, a leitura mais detalhada e análise da perspectiva do setor para os próximos trimestre são menos positivas, aponta o economista do banco Original Eduardo Vilarim. O bom desempenho da construção, diz, tem se destacado nas últimas divulgações. A indústria extrativa, explica, foi afetada pela produção de minério de ferro, principalmente, que está relacionada com a desaceleração global e alguns impactos da cadeia de produção que se mantêm.

A indústria extrativa, diz o economista, deve continuar sob impacto negativo com a continuidade da política de “covid zero” da China. Os severos lockdowns no país asiático, explica, afetam a demanda local e repercutem nas exportações brasileiras.

A demanda externa também tem afetado a indústria de transformação, destaca Sergio Vale, economista da MB Associados. O setor automobilístico, exemplifica, vem perdendo mercado externo com a crise da Argentina. A partir do quarto trimestre, diz, a perspectiva é de maior desaceleração da economia global, não apenas da China, mas também com quadro mais nebuloso para EUA e Europa.

“E a indústria de transformação não tem jeito, está em desaceleração após os melhores momentos propiciados ao setor pela pandemia, quando a população estava consumindo mais bens do que serviços”, diz Vale. Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), lembra que esse consumo maior de bens que beneficiou a indústria durante a crise sanitária se deslocou para serviços após a retomada da mobilidade.

Para Cagnin, outro fenômeno que afeta a indústria neste momento é o início da normalização dos gargalos logísticos resultantes da pandemia. No momento em que essas dificuldades estavam maiores, explica, fornecedores de bens intermediários nacionais foram demandados no lugar dos importadores para suprir as cadeias produtivas. Agora, com fluxo logístico mais organizado, essa demanda tende a se voltar novamente para as importações.

A indústria, diz o economista-chefe da Azimut e professor do Insper, Gino Olivares, ainda tenta superar uma longa tendência de estagnação observada na série histórica desde 2014. “A indústria está um pouco acima do que estava no quarto trimestre de 2019, antes da pandemia, mas quando se olha atentamente se vê uma história de estagnação de 2014 adiante. Há alguns sinais de que começa a crescer, mas o setor vai sentir mais a taxa de juros alta agora.”

Fonte: Valor Econômico